O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, disse nesta sexta-feira (5) acreditar que após a aprovação da reforma da Previdência sua expectativa é de que o pacote anticrime ande de forma mais célere. Sobre o fato de ter aceitado o cargo de ministro da Justiça, Moro afirmou que há alguns "dissabores" em estar em um cargo e que seu desejo era de que "algumas coisas acontecessem de forma mais rápida".
O ministro disse ainda que não vê na pauta econômica temas incompatíveis com o pacote anticrime. "Estamos caminhando na mesma direção", disse em evento da XP Investimentos na capital paulista.
Sergio Moro deixou em aberto a possibilidade de se candidatar a presidente da República, após ser questionado sobre o tema no evento. Ele evitou cravar uma resposta, mas enfatizou o trabalho feito na Operação Lava Jato, afirmando que os brasileiros, em geral, veem o resultado como positivo. "Percebem que queremos fazer a coisa certa dentro do governo, que queremos avançar", disse.
Em resposta a uma primeira pergunta, feita pela jornalista Natuza Nery, sobre a possibilidade de ser candidato a presidente, Moro ressaltou que atualmente faz parte do governo Jair Bolsonaro e que o candidato do governo para 2022 é Bolsonaro. "Acho absolutamente prematuro falar nesse assunto, mas como já houve referência nesse sentido do próprio presidente, o candidato do governo será o presidente", disse.
A jornalista, contudo, rebateu que não se referiu em nenhum momento a 2022 na sua pergunta. Moro, então, começou a sua reposta contando que o trabalho como juiz na Operação Lava Jato foi muito difícil, mas representou um "engrandecimento institucional" para o Brasil. "Há riscos de retrocesso, há trabalhos a serem realizados, mas, no fundo, nós avançamos, como país", disse.
Moro afirmou em seguida que a Lava Jato ficou conhecida internacionalmente e que muitos questionam, em outros países, como foi possível fazê-la. "É uma grande satisfação, mas foi trabalho muito difícil, até porque tem esses efeitos colaterais, com incremento progressivo da lista de inimigos", disse.
O ministro, após essa introdução sobre a Lava Jato, passou a falar da possibilidade de ser candidato. "Eu não sei, eu estou focado na questão do Ministério da Justiça e da Segurança Pública e dificilmente eu consigo chegar com fôlego para esse tipo de situação, não é minha pretensão, nunca pensei nisso. Meu foco é realizar um bom trabalho nesses quatro anos e depois a minha intenção mesmo é sumir por uns 20 anos e retornar num filme, num episódio oitavo, algo assim, ou nono", disse.
A jornalista, em seguida, insistiu, perguntando se o ministro havia, então, deixado "no ar" a possibilidade de candidatura.
Moro, então, voltou a falar do trabalho da Lava Jato. "Em geral, as pessoas veem os fatos e fazem suas avaliações. Temos de apostar que as pessoas sabem discernir o que é certo e o que é errado", começou. "Embora existam cegueiras ideológicas que às vezes turvam o nosso juízo, a grande maioria dos brasileiros, se não a totalidade, avalia o trabalho da Lava Jato positivamente, e percebem que queremos fazer a coisa certa dentro do governo, que queremos avançar", disse.