O presidente Jair Bolsonaro ocupa há três semanas as manchetes com declarações que questionam dados ou conclusões de organismos oficiais sobre temas como desmatamento e direitos humanos.
Estas são algumas das frases que geraram críticas e até mal-estar entre os aliados do presidente.
"Com toda a devastação que vocês nos acusam de estar fazendo e ter feito no passado, a Amazônia já teria se extinguido" (19/7 em café da manhã com jornalistas estrangeiros).
"Pelo que sentimos, isso não condiz com a verdade. Até parece que ele [o presidente do Inpe] está a serviço de alguma ONG" (19/7). O presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ricardo Galvão, foi destituído em 2 de agosto.
"Só aos veganos que comem só vegetais [é importante a questão ambiental]".
"Falar que se passa fome no Brasil é um discurso populista que tenta ganhar simpatia popular, nada mais além disso". No Brasil, "você não vê gente pobre nas ruas com um físico esquelético como a gente vê em alguns outros países pelo mundo".
Horas depois, Bolsonaro relativizou suas declarações ao afirmar que "uma pequena parte" sim, passa fome. O Brasil "é um país em que a gente não sabe por que uma pequena parte passa fome e outros passam mal ainda".
"Ela estava indo para a guerrilha do Araguaia quando foi presa em Vitória. E depois conta um drama todo, mentiroso, que teria sido torturada, sofreu abuso etc. Mentira. Mentira".
"Se o presidente da OAB quiser saber como o pai desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer saber a verdade. Conto pra ele". "Não foram militares que mataram ele, não. É muito fácil culpar os militares por tudo que acontece" (29/7, sobre Fernando Santa Cruz, pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz).
Segundo Bolsonaro, Fernando Santa Cruz foi morto em um ajuste de contas interno no grupo de esquerda no qual militava.
"E você acredita em Comissão da Verdade? Qual foi a composição da comissão da verdade? Foram sete pessoas indicadas por quem? Pela Dilma?" - "Sou assim mesmo, não tem estratégia".
- "Assisti as cenas de horrores no presídio do Pará , mas também vi cenas macabras praticadas por esses que morreram contra pessoas humildes e indefesas. Fora dos presídios também uma guerra onde praticamente só um lado está armado..." (30/7, após a matança de 58 presos no presídio de Altamira por membros de uma facção rival)
- “Malandro. Para evitar um problema desse, casa com outro malandro e adota crianças aqui no Brasil” (...) “Não presta nem para ser mandado para fora” (27/7, sobre o jornalista americano Glenn Grenwald, cofundador do The Intercept Brasil, que está divulgando conversas hackeadas do ministro da Justiça Sergio Moro e procuradores da Lava Jato)
- "Não posso admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha. Não dá" (17/7, ao criticar o financiamento pela Ancine, a agência reguladora do setor audiovisual, de "Bruna Surfistinha", sucesso de bilheteria de 2011 que narra a histária de uma famosa prostituta).