O próximo nome a assumir a chefia da Polícia Federal no Rio de Janeiro tem gerado contradição e desconforto entre o presidente da República Jair Bolsonaro (PSL) e a PF. Na última quinta-feira (15), a Polícia Federal divulgou que o superintendente da corporação em Pernambuco, Carlos Henrique Oliveira Sousa, é quem substituiria o chefe da PF no Rio, Ricardo Saadi. Entretanto, nesta sexta-feira (16), Bolsonaro afirmou que "ficou sabendo" que quem assumirá a chefia da Polícia Federal no Rio de Janeiro será o chefe da PF no Amazonas, Alexandre Silva Saraiva, além de ter reforçado que “quem manda” é ele.
"O que eu fiquei sabendo... Se ele resolver mudar, vai ter que falar comigo. Quem manda sou eu... deixar bem claro", afirmou Bolsonaro. "Eu dou liberdade para os ministros todos. Mas quem manda sou eu", disse.
Horas depois, em nova entrevista, o presidente baixou o tom. “Eu sugeri o de Manaus. Se vier o de Pernambuco não tem problema, não”, afirmou. Essa última declaração ajudou a acalmar a PF.
A mudança de tom de Bolsonaro foi uma reação a uma nota divulgada pela PF, informando que o delegado Carlos Henrique Sousa iria para a vaga de Saadi no Rio. O texto publicado pela Polícia Federal foi autorizado por Moro. A indicação dos superintendentes da PF é prerrogativa do diretor-geral da instituição, mas o presidente da República pode vetar qualquer nome por se tratar de cargo de confiança.
A primeira declaração do presidente, porém, não foi bem recebida nos bastidores da Polícia Federal. Segundo o Estadão, a PF ameaça "implodir" se houver interferência de Bolsonaro. A situação ainda coloca o ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro na berlinda. Se ele aceitar a imposição de Bolsonaro, pode perder o controle da Polícia Federal, se rejeitar, vai se indispor com o presidente e pode até perder o cargo.
As informações do Estadão dão conta ainda de que a PF não aceita indicação de “cima para baixo” para o preenchimento dessa vaga. Dirigentes da Polícia Federal dizem que não vão agir como os colegas da Receita Federal, que não reagem aos ataques de Bolsonaro.
O nome de Saraiva já foi cotado para assumir o Ministério do Meio Ambiente, mas, no início de dezembro, Bolsonaro acabou escolhendo Ricardo Salles para comandar a pasta. Alexandre Silva Saraiva é próximo dos filhos do presidente.