Após o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, postar no Twitter que a iniciativa de sua pasta em iniciar um inquérito contra organizadores de um festival punk em Belém ter o seu apoio, seu comentário na rede social foi inundado de propaganda de vários festivais de rock pesado que acontecem pelo Brasil.
"A iniciativa do inquérito não foi minha,como diz a Folha de S. Paulo, mas poderia ter sido.Publicar cartazes ou anúncios com o PR ou qualquer cidadão empalado ou esfaqueado não pode ser considerado liberdade de expressão.É apologia a crime, além de ofensivo", diz Moro na postagem. O comentário do ministro era uma resposta a uma matéria da Folha de S. Paulo com o título "Sergio Moro pede inquérito contra punks de Belém por cartazes anti-Bolsonaro".
Numa das respostas à publicação do ministro, um internauta chama para um festival chamado "Satan Smashes Fascism", com "16 bandas brasileiras de metal antifascista", num cartaz que mostra o satanás segurando a cabeça do presidente Jair Bolsonaro vestido com a farda do movimento integralista brasileiro. "Sem empalamento, sem decapitação. Então, deixa com o papai Satão", diz o reply de um rapaz que se chama Filipe Marcon.
Num outro reply, o tuiteiro chama para um festival chamado Domésticas na Disney Fest, que vai acontecer no dia 3 de março. "Esse incomoda o Guedes?", pergunta o internauta Vinicius Gentile. Vários cartazes chamam para edições do Facada fest em outras cidades brasileiras.
Um outro cartaz divulgado no perfil do ministro mostra um festival chamado "Ato Iconoclasta", que mostra o corpo desmembrado de Bolsonaro sendo erguido pelo satanás. "Serjão, tô com uma dúvida aqui, é esse cartaz que não pode?", pergunta o internauta que se identifica como Dersu Uzala, motorista de UBERetroescavadeira.
Um outro cartaz de uma festa chamada 4BaladaFest, que vai acontecer no Rio, mostra o que parece ser a imagem desfocada da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, com três tiros na cabeça.
A maioria dos comentários no tuíte do ministro, no entanto, são de críticas e de apoio ao governo Bolsonaro. Muitos lembrando que outros presidentes já tiveram suas imagens ligadas à violência, ou mostrando o presidente Jair Bolsonardo fazendo arminha com os dedos ou outros objetos.
A polêmica começou com uma matéria da Folha, apontando que a pasta da Justiça havia requisitado a abertura de um inquérito contra quatro artistas de um coletivo de rock de Belém. "Organizadores de um evento de punk chamado Facada Fest, eles são investigados por supostos crimes contra a honra do presidente Jair Bolsonaro, além de apologia ao homicídio", diz a matéria.
Ao jornal o ministério afirmou em nota que "a sua consultoria jurídica apontou a necessidade de investigação. E que cabe agora ao Ministério Público e à Polícia Federal a 'elucidação dos fatos e, se for o caso, oferecer ação penal'”.
Diz a matéria: "No centro da investigação estão os cartazes usados pelo festival, que ocorre na capital paraense desde 2017. Num deles, divulgado para a edição do ano passado, Bolsonaro é representado pelo palhaço Bozo, que é empalado por um lápis."
"Em outro, o presidente aparece vomitando fezes sobre uma floresta, com um bigode de Hitler, uma cueca com a bandeira americana e uma arma na mão. Um terceiro mostra Bolsonaro esfaqueado na cabeça."
Após a polêmica, os organizadores disseram que “em despacho assinado pelo Ministro da Justiça, Sergio Moro, e pelo Procurador Geral da República, Augusto Aras, a organização do festival é acusada de “apologia de crime” e “crimes contra a honra” do presidente da república, Jair Bolsonaro”. “Com tantos problemas ocorrendo neste momento no país – motim das policias militares, degradação ambiental na Amazônia e os indícios cada vez mais fortes de ligações entre políticos e milicianos – causa-nos espanto o uso do aparato judicial e policial de nosso país na repressão de um festival de música”, continuaram.