Conhecido por ser polêmico em suas declarações, o presidente da Assembleia, deputado Guilherme Uchoa (PDT), conseguiu silenciar, por alguns minutos, os membros da Casa Joaquim Nabuco. Irritado com a repercussão dos recentes casos polêmicos envolvendo o poder legislativo em Pernambuco, Uchoa deixou a presidência, durante a sessão de abertura dos trabalhos, para defender o pagamento de shows através de emendas parlamentares, o número de cargos comissionados existentes na Alepe e as viagens culturais feitas pelos deputados.
O pronunciamento atraiu a atenção dos parlamentares, que na maioria das vezes estão distraídos em conversas paralelas e nos seus smartphones. Duas semanas após o JC mostrar as emendas destinadas para pagamentos de shows, Uchoa decidiu se pronunciar. Apesar do alto valor destinado para o pagamento das apresentações, o presidente saiu em defesa das emendas voltadas para esta área.
Segundo ele, os shows contribuem com a economia de pequenas e grandes cidades. “Esses recursos não vêm para o caixa da Assembleia nem vem para o banco para colocar na conta pessoal dos deputados não. Essa é uma informação trocada”, declarou o presidente. Em nenhuma das matérias do JC, essa acusação foi feita. Segundo levantamento feito pelo Diário Oficial, 491 show foram pagos por meio de emenda parlamentar, o que custou R$ 19,5 milhões aos cofres públicos.
Questionado sobre o valor destinado, o deputado voltou a defender que os shows geraram movimentação econômica para as cidades. Ele não disse se é favorável ou não à limitação de um percentual para a área.
Na tribuna da Assembleia, Uchoa ainda defendeu que o número de cargos comissionados na Assembleia está dentro de um padrão razoável e que essa sitemática é importante para os deputados. “Temos 3,7 comissionados por efetivo. Cada gestor tem sua forma de administrar”, disse.
Uchoa relembrou uma matéria publicada pelo JC em junho, onde é possível constatar o número de viagens culturais feitas pelos deputados durante a legislatura. Foram 84 deslocamentos para vários países do mundo. Ele questionou o fato de a imprensa mostrar os casos. Na sua defesa, o deputado ressaltou, inclusive, o fato de estar em atividade num dia de sexta-feira, quando normalmente não são realizadas sessões plenárias. “Por que não falam que estamos aqui num dia de sexta-feira no início de uma campanha eleitoral?”, questionou.