Frente obtém em PE a maior vitória do País

Com 68,08%, Paulo Câmara conseguiu a maior votação percentual entre os governadores eleitos, repetindo a façanha de Eduardo de 2010, que se reelegeu com 82% dos votos, sendo o melhor resultado percentual naquele pleito
Jumariana Oliveira
Publicado em 06/10/2014 às 8:00
Com 68,08%, Paulo Câmara conseguiu a maior votação percentual entre os governadores eleitos, repetindo a façanha de Eduardo de 2010, que se reelegeu com 82% dos votos, sendo o melhor resultado percentual naquele pleito Foto: NE10


Quatro anos depois de uma votação histórica no Brasil, o PSB pernambucano apareceu como destaque no cenário nacional mais uma vez. Mesmo tendo obtido um percentual inferior em relação ao último pleito estadual, Paulo Câmara (PSB) foi eleito governador de Pernambuco com a maior votação do País em termos percentuais. Em 2010, o mérito ficou por conta de Eduardo Campos, que foi reeleito com 82% dos votos. Paulo Câmara foi eleito com 68,1%. Obteve uma diferença de 1,6 milhão de votos em relação ao seu principal adversário, o senador Armando Monteiro Neto (PTB). De quebra, puxou o candidato ao Senado Federal pelo PSB, Fernando Bezerra Coelho. Paulo Câmara tem como vice um nome histórico do PMDB estadual, o deputado federal Raul Henry. 

O governador eleito fez campanha diante de um cenário inesperado. Perdeu seu principal padrinho político, o ex-governador Eduardo Campos, na metade do período eleitoral. Foi depois disso que a candidatura ganhou gás. Poucos dias depois da morte de Eduardo Campos e com o início do guia eleitoral, Paulo conseguiu alavancar nas pesquisas. Mas a vitória nas urnas não era a principal preocupação na Frente Popular de Pernambuco. Paulo tem como um dos principais desafios o dever de assumir a liderança política do seu grupo, formado por 21 partidos. 

Paulo Câmara tem o perfil técnico, nunca atuou como articulador político, apesar de acompanhar o grupo de ex-governador Eduardo Campos há duas décadas. Ao longo dos três meses de campanha, não escondeu sua timidez. Chegou a demonstrar insegurança com a política ao dizer que “será difícil governar sem Eduardo”, seu principal líder político. Foi alvo da oposição. Ontem, após a abertura das urnas, o governador eleito se mostrou muito mais seguro. No mesmo local onde teve sua candidatura anunciada, o socialista falou sobre os seus planos como gestor. Naquele mesmo local, em fevereiro, Paulo fez um discurso lido. Sem disfarçar o nervosismo, chegou a gaguejar diversas vezes. 

No discurso de ontem, Paulo lembrou da convivência com Eduardo Campos e dedicou a vitória ao ex-governador. Tentou desfazer a ideia de que não terá liderança para governar sem seu padrinho político. “Eduardo vai fazer falta porque era uma presença importante na minha vida e na vida dos pernambucanos. Vai fazer falta, mas vai estar sempre presente em nossos corações. Estamos determinados a fazer o que tem que ser feito. Agora, é hora de continuar o seu trabalho, de fazer aquilo que ele queria quando me convidou, que é cuidar do nosso povo e eu vou cuidar”, afirmou.

Paulo Câmara se aproximou de Eduardo em 1992, quando começou a participar de campanhas políticas. Na época, Eduardo disputava a Prefeitura do Recife, mas saiu derrotado. Foi nesse ano que o socialista conheceu Ana Luiza, que é prima do ex-governador. As demais eleições de Eduardo tiveram a participação de Paulo Câmara. Em 2006, ele foi um dos coordenadores do programa de governo do socialista. Com a vitória de Eduardo, foi convidado para assumir a Secretaria de Administração, onde ficou até o início 2010. Apesar de estar ligado ao grupo do ex-governador, Paulo nunca foi do PSB. Só se filiou ao partido no ano passado, já que era um dos nomes cotados. 

A defesa do legado de Eduardo Campos foi o mote principal do seu primeiro discurso como governador eleito. Ao lado de Renata Campos e acompanhado dos filhos do ex-governador, Paulo Câmara disse que vai continuar governando para os que mais precisam, frase que era sempre dita pelo ex-governador. Questionado sobre qual será a primeira promessa de campanha que será cumprida, voltou a relembrar o padrinho político. Segundo Paulo, as prioridades serão definidas pela população a partir do programa Todos por Pernambuco, iniciado na gestão socialista. 

O socialista ainda falou do desafio de governar com uma ampla base de de partidos que dão sustentação ao seu governo. O leque de 21 partidos foi articulado por Eduardo, ainda na pré-campanha. O socialista repetiu um mantra muito utilizado pelo padrinho político, afastando a tese de que a articulação será complicada. “Os partidos vão me ajudar. Cargos vão ser ocupados por pessoas que tenham nossa forma de governar. Vamos trabalhar com os melhores”, disse. O socialista ainda falou sobre o diálogo com PT e PTB – principais partidos da oposição atualmente – no seu governo. Disse que todos foram eleitos pelo povo e quem têm o dever de trabalhar em prol da população. Se mostrou disposto a conversar com Armando Monteiro Neto e Humberto Costa, os dois senadores oposicionistas, para defender os interesses do Estado. 

Paulo ainda foi questionado sobre a participação da família Campos no seu governo, já que na campanha houve empenho dos filhos de Eduardo e da ex-primeira-dama Renata Campos. Preferiu se esquivar do assunto e disse que a composição da gestão não será discutida agora. 

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