Em meio à tensão provocada pelo escândalo de corrupção revelado pela Operação Lava Jato no seio da Petrobrás e a crise política e econômica vivenciada pela presidente Dilma Rousseff, o PT embarca hoje nas manifestações organizadas pelas centrais sindicais dos trabalhadores e outros movimentos sociais. O apoio “governista”, que também tem o engajamento do PCdoB, tem o objetivo de marcar posição em relação ao protesto pró-impeachment previsto para o domingo (15), do qual PSDB, PPS e DEM são simpatizantes. O mais curioso, no entanto, é que o “levante” de hoje carrega uma forte carga crítica ao governo da presidente Dilma, que enviou para o congresso duas Medidas Provisórias que alteram alguns direitos trabalhistas. A concentração está marcada para às 7h, saindo do Parque 13 de Maio.
Filiado ao PT, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Pernambuco, Carlos Veras, reivindica a derrubada do “pacote” de ajustes enviado pela presidente à Câmara Federal. Ele, contudo, acredita que a crítica não é um sinal de posicionamento contrário à gestão do PT. “Não estamos sendo contra o governo. Estamos sendo a favor dos direitos dos trabalhadores”, disse.
Veras disse que o protesto recebe positivamente o apoio partidário, mas que a organização está nas mãos “das centrais sindicais”. Ele evitou falar em números, mas disse que são esperadas “milhares” de pessoas nas ruas, visto que vários movimentos sociais, incluindo a Fetape e o MST, estão engajados. “Vem pessoas de várias cidades metropolitanas. E terão vários carros de sons e panfletagem”, garantiu. Em Petrolina, no mesmo horário, deve ocorrer mobilização semelhante.
Presidente estadual do PT, a deputada Teresa Leitão, confirmou presença hoje, mas não soube dizer se outras lideranças petistas locais participarão. “Não estamos nos organizamos para ir juntos. Cada um tem se mobilizado. Mas devem ir vereadores, ex-deputados”, contou.
Ela negou qualquer “constrangimento” em participar de um protesto crítico à atual gestão do PT. “O nosso governo é acostumado a negociar. Sabemos conviver. Não nos constrange e estamos indo pela pauta ampla”, frisou. As bandeiras amplas são a defesa da Petrobrás, da democracia e a Reforma Política.
Ontem, a deputada federal Luciana Santos (PCdoB) gravou um vídeo conclamando a militância comunista. Ela diz que o momento é “de muita instabilidade”, uma consequência do acirramento das eleições de outubro. “Não ao golpe! Não podemos permitir que as forças inconformadas com a derrota golpeei aquilo que foi tão caro aos brasileiro conquistar: as eleições diretas e a democracia”, falou.