O Dia Nacional de Paralisação contra a PL 4330 foi marcado por uma passeata no Recife, na tarde desta quarta-feira, organizada por centrais sindicais, incluindo a Central Única dos Trabalhadores (CUT). O projeto de lei regulamenta a terceirização da mão de obra no País e já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e seguiu para o Senado. Segundo a CUT, 12 mil pessoas participaram do ato que teve início na frente da sede da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), que defende a aplicação da lei, e terminou no Palácio do Campo das Princesas, onde representantes foram recebidos pelo secretário-executivo da Casa Civil, Marcelo Canuto. Eles entregaram documento que “denuncia” a situação de 17,5 mil professores do Estado que trabalham sem receber o mínimo da categoria pois foram contratados através de seleção simplificada.
“A luta conta a PL 4330 tem relação direta com a situação desses professores, pois são trabalhadores que estão precarizados”, disse o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintepe). Para a CUT, o projeto prejudica os trabalhadores. “O projeto prevê a terceirização na atividade-fim e estamos aqui para preparar os trabalhadores para uma greve geral para evitar que nossos direitos sejam retirados de forma tão brusca pelos conservadores do Congresso Nacional”, disse o presidente da CUT, Carlos Veras. Os manifestantes também protestaram contra as MPs 664 e 665 que dificultam o acesso ao seguro-desemprego, criticaram ainda o ajuste fiscal capitaneado pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy. Alguns cartazes, no entanto, apoiavam a presidente Dilma Rousseff e apenas os sindicalistas ligados ao Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) criticaram a corrupção e a participação do PT nos escândalos da Petrobras.
Além da CUT, o movimento foi organizado pelas centrais CSP Conlutas, CTB e também pelo MST. Em apoio, participaram da passeata pessoas ligadas a movimentos sociais e de cerca de 10 sindicatos, entre eles dos rodoviários, dos servidores das três esferas de poder, dos professores da rede pública e também da rede privada, metalúrgicos, tecelões, bancários e metroviários. Alguns deles chegaram a paralisar suas atividades durante parte do dia, como no caso dos metroviários, rodoviários e professores da rede particular em algumas escolas do Recife.
Pelo menos dois parlamentares se juntaram ao movimento, Teresa Leitão (PT) e Edilson Silva (Psol). “A terceirização de mão de obra segue uma tendência internacional de competição pelos menores custos de produção que pode levar os trabalhadores do Brasil às condições hoje vivenciadas pelos chineses, que são tratados como semiescravos. Não queremos isso aqui”, disse Edilson Silva.
A concentração teve início às 14h e, por volta das 16h, os manifestantes saíram em passeata pela Avenida Cruz Cabugá, com uma pequena pausa em frente ao Instituto de Educação de Pernambuco (IEP), em solidariedade aos professores do Estado que estão em greve e exigem que o governador Paulo Câmara cumpra promessa de campanha de aumentar o salário da categoria em 100%. “Na primeira oportunidade que ele teve de aumentar, não o fez”, disse um dos manifestantes em cima do carro de som. Depois disso, seguiram em direção à Avenida Conde da Boa Vista, dobraram à esquerda na Rua da Aurora e finalmente chegaram ao Palácio do Campo das Princesas. No meio do caminho, a passeata ganhou a adesão dos servidores do Tribunal de Justiça (TJPE), que estavam em assembleia no Parque 13 de Maio pela implementação de Plano de Cargos e Carreiras no Judiciário. Em cima do carro de som um representante do MST disse que 12 colegas foram presos pelo Batalhão de Choque num protesto que ocorreu na manhã de ontem em Goiana, também contra o PL 4330.
Entre os cartazes expostos estava um, produzido pelo Sindicato dos Bancários, que mostrava o rosto e nome dos 21 deputados federais pernambucanos que votaram a favor da proposta de terceirização. Outros cartazes chamavam o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de pelego. Foi o parlamentar que desengavetou o projeto que há 11 anos tramitava na Casa. Faixas denunciavam o PL 4330 como a “Lei da Escravidão”.