O atraso das obras da barragem de Serro Azul preocupa os moradores da vila que fica em torno da usina homônima, situada a menos de 500 metros de distância da represa. A principal queixa dos moradores é em relação ao muro de solo que começou a ser erguido ao lado da parede de concreto, que teve a extensão reduzido após estudos de solo.
“Eles dizem que não há perigo naquelas casas, mas o meu maior medo é aquela metade de barro. Porque não tem pedra ali, nem na parte debaixo”, disse o agricultor José Pedro da Silva, que mora há 70 anos no entorno da usina e vai ter que se mudar com as outras três pessoas da família que moram na mesma casa que ele. “Disseram que vão me pagar R$ 35 mil de indenização para fazer outra casa, mas eu já gastei R$ 14 mil na minha depois da cheia.”
“Ficou a frente de barro. Se der uma chuva, eu quero ver ela segurar”, reclama Genivaldo Natalício, que também trabalha no campo. Ele reclama que, no projeto, a barragem era toda feita de concreto. A crítica é endossada pelo vizinho, Adriano Mota, que é barbeiro. “Fazem esse paredão de barro aí. Qualquer chuva que dá ele começa a se lachar. Então a gente vê que ela não está segura”, se queixa.
Segundo o secretário estadual de Recursos Hídricos, Almir Cirilo, as adaptações feitas no paredão da barragem são resultado da adequações geológicas, para que a represa fique mais segura. “Isso é porque as pessoas se assustam com barragem de terra. A maior parte das barragens do mundo é de terra”, garante.
Segundo os moradores, cerca de 60 casas da vila terão que ser desapropriadas depois que a barragem entrar em operação porque ficam muito próximas da represa. Parte delas, porém, ainda não teve os valores das indenizações definidos. É o caso das moradias de Genivaldo e Adriano. Eles querem construir uma agrovila, mas dizem que o terreno escolhido pelo governo, onde hoje existe um campo de futebol, fica muito próximo ao rio.
O problema das desapropriações afeta também quem mora mais distante, como o comerciante Manoel José da Silva. A mercearia onde ele foi trabalhar por não conseguir viver da agricultura vai ser fechada. “Aqui, quase ninguém mais tem emprego. Trabalha todo mundo no campo”, lamenta.
De acordo com Cirilo, 95% das desapropriações no entorno de Serro Azul foram concluídas e, as demais, não foram porque envolvem algum tipo de questionamento judicial.