A falta de dinheiro no caixa estadual tem atrapalhado os planos do governador Paulo Câmara (PSB) em vários sentidos. Um deles é a realização e conclusão de obras de grande porte. Sem ter muito o que mostrar e com a atenção mais voltada para achar soluções financeiras dentro da gestão, ele quase não percorreu o Estado ao longo deste mês e teve uma série de agendas privadas.
O chefe da Assessoria Especial do governador, José Neto, saiu em defesa de Paulo e explicou a razão dos compromissos internos dominarem a agenda governista em maio. “Depois do Todos por Pernambuco, houve um ajuste da agenda administrativa. À medida que a crise aumenta, você tem mais demandas e isso requer uma presença maior do governador”, afirmou.
Para os governistas, o fato de Paulo Câmara rodar pouco pelo Estado não significa que ele esteja trabalhando menos ou que o governo esteja paralisado. Os aliados do socialista destacam que o maio foi marcado por audiências com ministros do governo Dilma Rousseff (PT), em Natal e Brasília, encontros com investidores em São Paulo e ações ligadas a projetos como o Chapéu de Palha e o Pacto pela Vida.
De fato, o governador não ficou “preso” ao Palácio do Campo das Princesas. Mas, ainda assim, foram escassas as agendas de inauguração de obras ao longo do mês. Todos os eventos desses tipo tiveram uma marca em comum: apesar de Paulo estar quase na metade do seu primeiro ano de gestão, os projetos inaugurados ainda são saldos das administrações Eduardo Campos e João Lyra (PSB).
Um exemplo disso foi a passagem de Paulo por Lagoa do Carro, na Mata Norte, no último dia 22. Na ocasião, ele participou da inauguração de cerca de 20 ruas pavimentadas com recursos do Fundo Estadual de Apoio aos Municípios (FEM) de 2014. Na última sexta-feira (29), o socialista esteve em São José do Belmonte, no Sertão, e também entregou dois projetos cujas ordens de serviço foram assinadas por Eduardo Campos: um pátio de eventos e a Escola Técnica Estadual (ETE) Pedro Leão Leal.
A tendência é de que em junho as agendas externas se intensifiquem. A leitura no governo é de que Paulo deverá seguir a cartilha de Eduardo de “não dar intimidade a problema”. Por isso, a orientação será a de cair em campo para não passar uma imagem equivocada de que o Estado parou devido à diminuição dos repasses da União. Uma das obras mais esperadas é a conclusão da ampliação do Hospital Belarmino Correia, em Goiana, na Mata Norte. O governador esteve na cidade no dia 8 de janeiro para autorizar a retomada dos serviços e prometeu entregar a obra dentro de 60 dias. O prazo inicial expirou e o socialista sabe que cada vez mais será cobrado pelas promessas de início de gestão.