Morte de Eduardo Campos completa um ano e filho é apontado como herdeiro político

João Campos é considerado como o mais indicado para dar sequência ao legado do pai
Franco Benites
Publicado em 13/08/2015 às 6:20
João Campos é considerado como o mais indicado para dar sequência ao legado do pai Foto: Rodrigo Carvalho/Acervo JC Imagem


A queda de uma aeronave Cessna Citation 560X nas proximidades da Base Aérea de Santos há exatamente um ano mudou a vida de muitas famílias e os rumos da eleição presidencial de 2014. Com o acidente e a consequente morte de Eduardo Campos, o País perdeu um candidato que prometia superar a polarização entre PT e PSDB e Pernambuco vivenciou pelo menos uma semana de luto e intensas emoções até o velório no Palácio do Campo das Princesas e o enterro dos restos mortais do seu ex-governador no cemitério de Santo Amaro.

Um ano após morrer, Eduardo Campos é bastante lembrado no meio político e pela população. Uma das perguntas mais frequentes é sobre quem fará uso do espólio eleitoral do ex-governador. Ainda que seja uma aposta para o futuro, o estudante universitário João Campos - o mais velho dos filhos homens de Eduardo (além do jovem, ele é pai de Maria Eduarda, Pedro, José e Miguel) - é o mais indicado para aproveitar o patrimônio e o capital político deixado pelo pai.

Segundo os aliados de Eduardo, João Campos já tem estatura política suficiente para pular o pleito de 2016 e mirar uma vaga de deputado federal em 2018. O posto, dizem os socialistas, só não foi ocupado em 2014 por uma reflexão do próprio João e por interferência de Renata Campos, que pediu ao filho para terminar o curso de Engenharia antes de ser testado nas urnas.

Para pavimentar seu caminho, em outubro do ano passado, João passou a integrar a Executiva do PSB pernambucano na condição de secretário de Organização da legenda. Com isso, começou a percorrer o Estado promovendo congressos e outros eventos partidários. Mas colocar o pé na estrada não é novidade para o jovem.
Além de acompanhar o pai ao longo de sua vida pública, ele atuou fortemente na campanha de Paulo Câmara (PSB) ao governo após a morte de Eduardo. Sua participação em comícios e reuniões, dizem alguns socialistas, era até mais esperada que a do então candidato.

“O partido deseja muito, os amigos de Eduardo desejam, mas isso é uma decisão exclusivamente dele. Eduardo, a gente sabe, de uma certa forma desejou isso já para 2014 e chegou a conversar com algumas pessoas, inclusive com o próprio João. Ele fez uma série de ponderações, por conta da faculdade”, afirma o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes.

Foi o apoio à candidatura de João Campos que levou a uma briga familiar. Na medida em que estimulava o projeto do filho, Eduardo desmobilizava a candidatura da vereadora Marília Arraes (PSB) à Câmara Federal. A socialista desistiu do pleito, rompeu com o ex-governador e passou a integrar a oposição. Agora, tem até setembro para escolher uma nova legenda e estuda a possibilidade de ir para o PTB, PDT, PT e o PSOL. “Eduardo se transformou em um líder político, mas não conseguiu unir a família”, aponta o cientista político Vanunccio Pimentel.



Dentro do PSB, ninguém admite que o projeto eleitoral de João Campos cause ciúmes. O deputado estadual Aluísio Lessa (PSB), próximo da família Campos, até já traça o cenário da candidatura. “A obra de Arraes e Eduardo tem que ter um herdeiro e pelo comportamento e atitude vejo que João pode ser essa pessoa. Ele se forma no final de 2016, início de 2017 e nas eleições de 2018 teremos um candidato legislativo. Pode até começar como Eduardo, com campanha na Zona da Mata. Na região, já tem muita liderança citando o nome dele como deputado federal”, garante.

Na opinião do cientista político Juliano Domingues, a candidatura de João Campos não deveria gerar nenhum assombro. “É natural que aqueles que estiveram ao redor de Eduardo sejam influenciados e passem a almejar uma carreira política da mesma maneira que filhos de médicos querem ser médicos e filhos de professores tendem a ser professores”, afirma.
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