Principal entidade a pintar a cara e puxar os protestos de rua contra Collor em 1992, a União Nacional dos Estudantes (UNE) tem participado de atos em defesa de Dilma. "A gente acha que é um ataque à democracia esses pedidos de impeachment. Eles não têm nenhuma prova das acusações contra a presidente", diz Flor Ribeiro, diretora regional da UNE em Pernambuco.
Aluna do curso de Dança da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Flor diz que não vê relação entre os caraspintadas e os jovens próimpeachment de movimentos como o Vem Pra Rua, o Brasil Livre e o Revoltados Online. "A mesma galera que colocou Collor para fora é a que está nas ruas defendendo a democracia do nosso país e um governo popular. E o que acontece do outro lado é claramente uma tentativa de golpe. Raramente você vê um negro nesses protestos. Você vê uma classe burguesa pedindo um impeachment, sem saber nem o que está pedindo, achando que quem vai assumir é o Aécio. Criouse um ódio ao partido que está no poder, personalizado na presidente Dilma", argumenta.
Assim como outros movimentos sociais, a UNE tem defendido o mandato de Dilma, mas criticado o ajuste fiscal. Em junho, os estudantes chegaram a ocupar a sede do Ministério da Fazenda, em Brasília. Um novo ato está sendo convocado para o dia 06 de outubro na capital federal. "Não é contraditório. A gente tem muito mais abertura para diálogo em um governo popular e de esquerda, do que se, por exemplo, hoje estivesse Aécio (Neves) no poder. Nós nunca teríamos a oportunidade de dizer que somos contra o corte e qual a nossa visão do que deveria ser feito", defende Flor.
Segundo ela, não há ingerência política na UNE e a entidade defende que se investiguem todas as denúncias de corrupção em relação a integrantes do governo, mas acusa a oposição de querer privatizar a Petrobras.