Apesar de ter sido um projeto pensado há quase duas décadas e que atravessou cinco mandatos municipais, a entrega da pista leste da Via Mangue – última etapa da obra – não deve contar com a presença de todos os ex-prefeitos que participaram da concepção do corredor expresso. Alvo de disputa pela paternidade política, a obra tem DNA do PT e do PSB.
Esta não é a primeira vez que a entrega de trechos da Via Mangue causa ciumeira entre petistas e socialistas. Situação semelhante aconteceu em 2014, durante a campanha presidencial. Na ocasião, quando foi liberada a pista oeste da via (sentido Centro/subúrbio), houve uma celeuma pela autoria do projeto. Em campos opostos, o prefeito não demonstrava disposição em esperar pela agenda presidencial, mas seguiu o protocolo e inaugurou o trecho ao lado da petista.
Dos três ex-prefeitos que encamparam o projeto, o petista João Paulo, atual superintendente da Sudene, é o único que deve participar da inauguração. O convite, no entanto, não partiu da prefeitura, mas do governo federal. “Eu irei, sim, porque recebi um telefonema da Casa Civil, de Brasília”, contou.
Questionado se iria ao ato, o ex-prefeito João da Costa (PT) sapecou que só vai aos eventos quando é convidado. O petista ainda alfinetou o atual prefeito ao relembrar um episódio de 2012, quando o ex-governador Eduardo Campos relançou a Patrulha nos Bairros, projeto idealizado por Roberto Magalhães, e chamou o político, apesar de estarem em campos opostos.
Batizada inicialmente de Linha-Verde, a obra da Via Mangue, que liga os bairros do Pina e Boa Viagem, começou a ser concebida ainda na gestão de Roberto Magalhães (DEM). Ele também não recebeu convite, mas evitou polemizar.
“Fui apenas o prefeito que fez o primeiro projeto”, disse o político, fugindo dos holofotes. “Quero ficar no meu canto. Não quero me expor como alguém que está querendo se associar a uma obra que não é sua. Já inaugurei muita obra na minha vida”, afirmou.