Pedro Eurico passa de "pedra" a "vidraça" em discussão sobre segurança pública na Assembleia Legislativa

Secretário já foi crítico da gestão do PSB e hoje é defensor das ações socialistas
Franco Benites
Publicado em 08/02/2016 às 7:00
Secretário já foi crítico da gestão do PSB e hoje é defensor das ações socialistas Foto: JC Imagem


O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, tornou-se o personagem do mês da política estadual após declarar que conversava por telefone com detentos pernambucanos. A afirmação foi feita em uma audiência pública realizada na semana passada na Assembleia Legislativa sobre a situação do sistema prisional do Estado. O protagonismo do secretário no Legislativo estadual quando o assunto é segurança pública não é de hoje. A diferença é que Pedro Eurico passou de “pedra” a “vidraça”, tendo como pano de fundo um governador do PSB à frente do Estado.

Quando Eduardo Campos assumiu o Estado em 2007, Pedro Eurico, que é filiado ao PSDB, assumiu a condição de líder da oposição à gestão socialista. Os embates entre os governistas e o grupo ligado aos ex-governadores Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM), do qual o tucano fazia parte, eram, sobretudo, na área de segurança. Já no dia 6 de de fevereiro daquele ano o então deputado cobrou uma melhor atuação da Polícia Militar após um caso de violência generalizada no desfile de um bloco de rua no período pré-carnavalesco.

Pedro Eurico confrontou o governo do PSB com dados sobre a violência no Estado em diversas oportunidades e até tentou instalar uma CPI sobre o assunto. Em abril de 2007, como registrou o Jornal do Commercio, ele declarou que Pernambuco estava vivendo dias de guerra civil, cobrou informações sobre o total de armas apreendidas pelo governo estadual e criticou o número de homicídios no Estado. Em junho, voltou novamente ao tema e condenou a gestão eduardista por “não ter informação a dar” sobre o crescimento do número de assassinatos em Pernambuco.

Na semana passada, assim que a oposição começou a explorar as declarações sobre o contato telefônico com os detentos, Pedro Eurico disse que era uma tentativa de “botar chifre em cabeça de cavalo”. A língua afiada e a ironia, duas de suas principais marcas, hoje a serviço do PSB, já foram usadas contra o partido. Quando Eduardo Campos completou 100 dias à frente do Estado, o tucano disse que a gestão socialista era inepta. O então deputado também disse que o governador era esforçado, mas que seu secretariado, entre eles o hoje governador Paulo Câmara (PSB), não correspondia.

Hoje, Pedro Eurico fala que a cobrança era mais em cima de secretarias como Educação e Segurança. Sobre esse tema, aliás, ele pontua que não se arrepende das críticas da época em que era adversário dos socialistas, mas diz reconhecer que o PSB conseguiu avançar contra a violência com o Pacto pela Vida.

DE OPOSIÇÃO A GOVERNO - A mudança de opositor ao governo Eduardo Campos para aliado da gestão socialista não foi a primeira guinada de rumo feita por Pedro Eurico. Antes de integrar a tropa de choque dos governos Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM), pelo PSDB, ele foi filiado ao PSB e fez parte da gestão Miguel Arraes, então adversário dos grupos jarbista e mendoncista.

Pedro Eurico diz não ver nenhum estranhamento em sua trajetória política. “O PSB e o PSDB são dois partidos da reforma da social-democracia e estão em absolutamente sintonia. Estou completamente à vontade no governo Paulo Câmara (PSB), feliz como um jovem comendo sanduíche em uma loja da McDonald´s”, afirma, fiel a seu estilo de chamar a atenção com suas declarações.

Paulo Câmara, o próprio Pedro Eurico e integrantes do PSDB já afirmam que a presença do secretário de Justiça e Direitos Humanos na gestão não é uma contribuição partidária uma vez que ele é da “cota pessoal” do chefe do Executivo estadual. Foi por esse critério, inclusive, que ele deixou a oposição a Eduardo Campos para tornar seu aliado. “Ele me chamou para integrar o governo por meio de sua cota pessoal”, assegura.

De acordo com Pedro Eurico, a postura de Eduardo facilitou a sua migração da oposição para o governo em que pese suas críticas iniciais à gestão socialista na área de segurança pública. “Nada mais reconfortante na política do que a capacidade de crítica e autocrítica. Eduardo tinha essa capacidade. E na questão da segurança  ele foi o primeiro governador a levar a discussão para dentro do seu gabinete e a apresentar soluções”, fala.

Apesar das críticas  feitas ao governo Eduardo,  Pedro Eurico garante que  era amigo do ex-governador e que ambos sabiam separar o lado pessoal e o político. “Sempre tive uma relação privilegiada e de respeito com Eduardo desde que ele tinha 18 anos. Conheci ele adolescente e seu primeiro voto para vereador foi em mim”, destaca.
As referências elogiosas se estendem a Miguel Arraes. “Junto com Dom Hélder Câmara, Arraes teve muita influência para mim”, diz.

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