Em sua primeira grande mudança administrativa desde que assumiu o Estado, o governador Paulo Câmara (PSB) abriu espaço para o universitário João Campos, mais velho entre os filhos homens do ex-governador Eduardo Campos. Aos 22 anos e no final do curso de Engenharia Civil, ele será, a partir de hoje, o novo chefe de gabinete de Paulo com um salário de cerca de R$ 8 mil. Ruy Bezerra, então titular do posto, deixa o gabinete para ficar à frente da Controladoria Geral do Estado (CGE).
As mudanças foram motivadas pela disposição do governo estadual de criar uma empresa pública de recuperação de débitos e emissão de debêntures. O administrador Rodrigo Amaro deixa a CGE e fica com a missão de implantar o novo órgão, abrindo espaço para a costura política que resultou no ingresso de João Campos no governo.
A nomeação do fiho de Eduardo é apontada como parte da pavimentação de sua candidatura a deputado federal em 2018, mas não fica apenas nisso. A chefia de gabinete do governador tem um viés administrativo e outro político, mas esse último estava deixando a desejar e caberá a João Campos mudar esse quadro. Ele dividirá com a Casa Civil e a Assessoria Especial algumas missões junto à base aliada de Paulo Câmara.
“Tudo o que acontece na administração vai passar por ele. De alguma maneira, participará de todas as decisões”, avalia, em reserva, um governista. Antes mesmo de integrar oficialmente a gestão, João é coberto de elogios. Entre os aliados, há um consenso de que a convivência com Eduardo, a participação na campanha de Paulo e a atuação partidária pelo PSB conferiram habilidade política e maturidade ao estudante.
Ao informar sobre a “aquisição” de João, o governo estadual ressaltou que ele exercerá a mesma função que Eduardo ocupou na segunda gestão Miguel Arraes (1987-1990). Em reserva, alguns socialistas declaram que o ex-governador foi questionado no início de sua vida pública e depois “calou os críticos”.
Para o cientista político Vanunncio Pimentel, a entrada de João Campos no governo apenas reforça o peso das relações familiares na política pernambucana. “Isso mostra uma certa banalização da função pública. Ele não tem uma graduação completa. O que tem para agregar? Basta ver o currículo do antecessor (Ruy Bezerra é formado em Direito e construiu carreira no Tribunal de Contas do Estado). O único diferencial dele é ser filho de Eduardo”, avalia.
De acordo com o especialista, se João Campos tivesse se candidatado e sido eleito em 2014, haveria mais legitimidade em ocupar um posto no governo. O teste nas urnas, aliás, é dado como certo, porém os aliados dizem que apenas em 2018 porque disputar uma vaga na Câmara do Recife seria jogar fora capital político.