Em meio aos desdobramentos da Operação Turbulência, deflagrada ontem pela Polícia Federal, que resultou na prisão de quatro pessoas suspeitas de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro para campanhas do ex-governador Eduardo Campos (PSB), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara defendeu que as investigações “têm que ir a fundo”. Em entrevista à Rádio Jornal, na tarde desta quarta-feira (22), o socialista, que ingressou na política pelas mãos de Campos, disse confiar na idoneidade do mentor e afirmou que o tema deve ser tratado com transparência.
“Vamos querer que isso seja devidamente resolvido. Tive o privilégio de conviver com Eduardo e sei da sua conduta e cuidado com a utilização dos recursos públicos. Sei da forma como tratava as campanhas políticas que participava, então tenho certeza, e o meu partido também, que ao longo das investigações vai tudo vai ser devidamente esclarecido”, afirmou.
As mudanças no financiamento de campanha e a proibição da doação empresarial é vista por Paulo como “muito dura”. “Mas vamos acompanhar (agora em 2016), pode ser que, com base nela, a gente crie em 2018 um modelo que seja ideal. Cabe a todos nos fiscalizarmos e os candidatos também (o caixa dois em campanha)”, afirmou o governador. Nas eleições de outubro, somente pessoas físicas poderão fazer doações a partidos.
É, justamente, o uso de caixa dois em campanha que está sendo alvo da operação da PF. Após seis meses de investigação, a operação turbulência revelou esquema de lavagem de dinheiro que pode ter irrigado as campanhas do ex-governador Eduardo Campos à reeleição ao governo do Estado, em 2010, e à Presidência em 2014.
Quatro pessoas foram presas. As investigações tomaram como base inquéritos envolvendo políticos ligados ao ex-governador e rastros deixados por empresas fantasmas envolvidas no suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro. O ponto de partida para investigação foi a queda do avião que levava o ex-governador e candidato à presidência, em 2014. A aeronave foi comprada por empresas fantasmas.
Questionado se o impacto do caso pode afetar o cenário eleitoral este ano, no tocante à candidatura à reeleição do prefeito do Recife, Geraldo Julio, Paulo afirmou que o PSB vai trabalhar com a verdade e a transparência.
“Em relação ao Recife e às campanhas do PSB, nós vamos trabalhar dizendo a verdade, sendo transparente. Isso é o que vai prevalecer sem dúvida nenhuma e Geraldo vai mostrar o seu trabalho. Essa eleição vai avaliar o trabalho de Geraldo e se os recifenses querem que ele continue ou não”, afirmou.
“A gente tem plena convicção de que isso é possível e que ele vai conseguir fazer uma campanha mostrando o que fez e com transparência. O PSB não tem receio em ir para qualquer debate”, acrescentou o governador.
Numa avaliação da conjuntura política do Estado e do Recife, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), fez nesta quarta-feira (22) uma rápida avaliação da gestão do aliado Geraldo Julio e deu nota 8 ao prefeito, durante debate. Após a entrevista, o governador explicou que atribuiu a pontuação ao correligionário por causa das dificuldades econômicas e restrições financeiras enfrentadas na cidade.
"Está numa crise muito grande e ele não está conseguindo fazer tudo o que queria. Então, não podemos dar 10. Dez era se tivesse tudo perfeito. Se ele tivesse fazendo tudo o que ele gostaria de ter feito e ele não está, por causa das restrições financeiras que faz com que muita coisa, que eu sei que ele gostaria de fazer e tocar na cidade, ele não está fazendo por causa de grana.
Então, evidentemente você não pode dar 10, que é a perfeição", explicou. "Dez não é bom ninguém ter não, porque se acomoda", acrescentou.
Segundo Câmara, Geraldo tem feito um trabalho "muito bom" dentro das condições apresentadas. "Inclusive, se eu fosse me autoavaliar, talvez eu me desse menos do que 8", afirmou.