O ano 2000 representou uma nova fase na política do Recife. Foi o ano da chegada do PT ao poder, com João Paulo na prefeitura. O Partido dos Trabalhadores entrou para o protagonismo político no Estado. Uma verdadeira onda vermelha que invadiu o Recife e serviu de prenúncio da ascensão do partido no plano nacional, dois anos depois, com a eleição de Lula presidente. Após uma campanha conturbada, em que era considerado uma “zebra”, João Paulo derrotou o então prefeito Roberto Magalhães (PFL) no segundo turno, com uma diferença de apenas 5.835 votos. O petista não apenas foi eleito, mas reeleito e ainda fez o seu sucessor, João da Costa (PT). E neste ano, João Paulo está de volta à disputa, tentando governar a cidade pela terceira vez.
“Todo mundo avaliava que Roberto Magalhães já tinha uma reeleição assegurada, só não tinha combinado com o povo. Como ninguém queria nem achava que tinha chances, então foi assim que eu fui, por unanimidade, escolhido para ser candidato a prefeito em 2000”, relembra João Paulo.
Desde cedo, sabia-se que seria uma campanha difícil. Magalhães tinha nas mãos a máquina da prefeitura e o apoio do então governador, Jarbas Vasconcelos (PMDB). Era a época de maior popularidade da União por Pernambuco. Logo de início, houve a polarização entre Magalhães e Carlos Wilson (PPS).
João Paulo não considera que foi uma sorte. “Não foi fruto do acaso nem zebra. Foi fruto de uma estratégia bem montada, bem estudada e bem planejada”.
No último domingo antes do primeiro turno, os ânimos se acirraram. Magalhães fazia uma carreata na Avenida Boa Viagem. Pessoas ligadas a Carlos Wilson (PPS) impediram a passagem dos carros, enquanto Magalhães era atiçado pela militância petista. Ele chegou a dar uma banana para os adversários. Foi contido por Jarbas e por aliados, como Sérgio Guerra. Antes, em agosto de 1999, o prefeito entrou na redação do JC armado, confrontando o então colunista social Orismar Rodrigues, insatisfeito com uma nota divulgada em sua coluna.
Na época, havia boatos de que a esposa de Magalhães não concordara com o projeto do Parque das Esculturas, no Marco Zero, fruto do trabalho do artista plástico Francisco Brennand.
“Roberto Magalhães não era polêmico só na campanha. Ele vem de uma formação conservadora, neoliberal. Aquele comportamento era uma certa marca já, que não seu deu só na banana, na campanha eleitoral”, avalia João Paulo.
Roberto Magalhães considera que os dois fatos foram determinantes para a sua derrota. “Esse boato ardilosamente espalhado para me diminuir, me desgastar (sobre o monumento de Brennand). E a outra foi a nossa carreata final em Boa Viagem, que botaram (pessoas de) uma facção do PT, disseram nomes mais pesados, provocações de todo tipo. Com as provocações, eu fiz um gesto”, afirma. O fato também foi considerado decisivo para Jarbas. “Ele perdeu a eleição ali por conta do episódio de Boa Viagem”, declara. “Uma pessoa esculhambou ele do prédio, ele deu a banana e foi fotografado. Foi para o guia ainda no domingo à noite”, relembra.