No dia em que o governador Paulo Câmara (PSB) decidiu trocar o comando da Secretaria de Defesa Social (SDS), a oposição veio a público cobrar uma revisão do Pacto Pela Vida, alegando que a chegada do novo secretário Ângelo Fernandes Gióia não será suficiente para mudar o quadro de aumento da violência. O tema da segurança se tornou vital na disputa eleitoral deste ano, o que pode explicar porque o governo optou por antecipar a nomeação do novo secretário antes da reforma na equipe prevista para depois do 2º turno.
“Não adianta mudar o secretário se não mudar o comando estratégico do governo na área de segurança. O que se observa é que está faltando comando. E diálogo com as polícias militar e civil”, afirma o líder da oposição, Silvio Costa Filho (PRB). “Nós teríamos a humildade de reconhecer a necessidade de sentar com todos os atores para fazer uma reflexão dos erros e discutir novos caminhos”, disse ainda.
Segundo o líder do governo, Waldemar Borges (PSB), a metodologia do Pacto Pela Vida já prevê revisões permanentes na estratégia do programa de segurança pública. “Até agora a única posição que a oposição tem é criticar o pacto. Mas não faz nenhuma proposta objetiva. E torce contra”, se queixou.
Provocado a apresentar propostas concretas de revisão do Pacto Pela Vida, Silvio Costa Filho diz que cortaria terceirizados e comissionados para fortalecer as delegacias e pôr gasolina nas viaturas, apresentaria às polícias uma proposta de melhoria salarial em cinco anos e reuniria prefeitos da Região Metropolitana para debater como os municípios poderiam ajudar o Estado no combate à criminalidade.
A nomeação de Gióia causou fortes reações no meio político porque o novo secretário já respondeu a um processo por abuso de autoridade e improbidade administrativa por uma subutilização dos recursos da Polícia Federal do Rio de Janeiro. Vice-líder da oposição, Joel da Harpa (PTN) anunciou o desejo de levar o novo secretário à Alepe para se explicar. Governista, Álvaro Porto (PSD) anunciou um pedido de informações para verificar a idoneidade do novo secretário.
Em nota, o novo secretário disse que a ação de corrigir problemas crônicos lhe trouxe adversários e foram abertos processos contra ele. Da denúncia que virou notícia nacionalmente, ele foi inocentado duas vezes, na Justiça Federal e no Tribunal Regional Federal da 2ª Região.
Para Waldemar Borges, que tece vários elogios ao trabalho do ex-secretário Alessandro Carvalho, houve uma evidente precipitação da oposição. “Se destaca essa postura reveladora da oposição da torcida permanente que ela faz para que as coisas deem errado.”