Geraldo Julio terá desafios econômicos e políticos no segundo mandato

Governar a cidade com a crise econômica assombrando as finanças e administrar o heterogêneo grupo que forma a Frente Popular do Recife
Marcela Balbino
Publicado em 31/10/2016 às 6:44
Governar a cidade com a crise econômica assombrando as finanças e administrar o heterogêneo grupo que forma a Frente Popular do Recife Foto: Foto: Marcela Balbino/JC


A vitória do prefeito Geraldo Julio (PSB) o cacifa como nome forte dentro do partido na fase pós-Eduardo. Na disputa municipal, ele despontou como liderança capaz de se eleger sem a força nem as articulações do padrinho político, o ex-governador Eduardo Campos.

A estratégia da campanha de mostrar um Geraldo protagonista e líder da "tropa" surtiu efeito nas urnas e deu a ele a oportunidade de assumir a Prefeitura do Recife por mais quatro anos. Para o futuro, dois desafios principais: governar a cidade com a crise econômica assombrando as finanças e administrar o heterogêneo grupo que forma a Frente Popular do Recife, com 20 partidos.

Após a morte de Eduardo, em agosto de 2014, havia uma incógnita sobre como ficaria o grupo político costurado por ele e se o gestor se sairia bem no campo político. Esta eleição cai na conta de Geraldo e gera para ele um saldo positivo.

Não só o PSB e Geraldo saem fortalecidos, o governador Paulo Câmara também é beneficiado, uma vez que Eduardo adotou com ele a mesma estratégia que fez com Geraldo, em 2012. Um técnico em vez de um político tradicional. De olho também em 2018, Câmara atuou nos bastidores da campanha do aliado, na escolha das estratégias.

Nos bastidores, há uma leitura que a vitória de Geraldo nas urnas o credencia para assumir um posto mais alto em 2018, como o governo do Estado. Ele refuta qualquer especulação sobre o tema.

"Todo prefeito de capital é natural candidato ao governo do Estado. Um dos únicos que rompeu com isso foi o governador Eduardo Campos", analisou um socialista, em reserva.

Outra liderança da legenda afirma que não vê ambiente político para este cenário e defende que há uma "perfeita harmonia" e entrosamento entre o projeto do Estado e da Prefeitura do Recife.

Mas, após a morte do líder-mor do partido - conhecido pela postura centralizadora - arestas internas no partido têm sido aparadas na tentativa de evitar uma implosão da própria sigla, acrescentou outro político. No entanto, vários focos de insatisfação têm surgido dentro da legenda, inclusive por membros históricos do PSB.

Sobre a especulação, o prefeito Geraldo Julio já afirmou mais de uma vez que o candidato dele ao governo em 2018 é Paulo Câmara. Ele afirma que cumprirá os quatro anos de mandato. "O povo do Recife pode contar com minha lealdade e esforço. É nossa obrigação e nosso dever", ratificou. 

FATURA

As eleições deste ano mostraram o PSB forte, com 70 prefeitos eleitos em todo o Estado. Mas, no Recife, por outro lado, sobram dúvidas sobre a fatura que os aliados podem cobrar pelo apoio, tanto na esfera executiva quanto no Legislativo. Nos atos políticos do segundo turno, vereadores não eleitos marcaram forte presença nas atividades. Longe dos holofotes, já são vistas movimentações de alguns nomes e é possível que Geraldo chame alguns vereadores eleitos para o secretariado, como alternativa para abrir espaço aos aliados na Câmara. Não conseguiram se eleger vereadores como Eduardo Chera (PDT), Luiz Eustáquio (PSB) e Vicente André Gomes (PSB).

"A estratégia eleitoral dele (de Geraldo) se baseou na construção de uma grande coalizão de partidos e isso acabou formando também um certo desafio, porque tem um cardápio com muitas legendas e elas vão acabar apresentando faturas com essa reeleição", avaliou o cientista político Thales Castro, professor da Universidade Católica de Pernambuco e da Faculdade Damas. "Quando se forma uma coalizão muito grande, isso até pode trazer vantagem no que tange a horário no guia eleitoral e também competitividade no palanque, mas depois de eleita, geralmente, há uma dificuldade para atender a todas as faturas apresentadas", explicou.

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