Atualizada às 22h
O ex-diretor da Odebrecht no Nordeste, João Pacífico, confirmou a existência de um esquema para que a Odebretch vencesse a licitação da Arena de Pernambuco. As afirmações foram feitas na delação premiada do executivo na Operação Lava Jato. Uma petição que trata das irregularidades da Arena está na "Lista de Fachin", dentro da chamada Delação do Fim do Mundo. Segundo Pacífico, havia um acordo entre as empreiteiras interessadas em licitações dos estádios da Copa para que essas fossem as escolhidas.
Pacífico disse que foi chamado por Eduardo Campos, em 2008, para uma reunião no Palácio do Campo das Princesas para tratar de um assunto relacionado à Copa do Mundo. Segundo ele, Eduardo teria exposto sua preocupação de Pernambuco ficar fora da Copa do Mundo por não ter um estádio dentro das exigências da Fifa. O ex-governador teria dito que os estádios do Arruda, Ilha do Retiro e Aflitos eram inviáveis. Pacífico disse, ainda, que Eduardo Campos mencinou um projeto para a construção de um estádio entre Recife e Olinda, mas que a execução seria dificíl porque envolveria a desapropriação de cerca de 1000 famílias. Segundo Pacífico, a empresa não tinha interesse na licitação da Arena de Pernambuco e Eduardo teria feito um pedido pessoal para que o assunto fosse levado à direção da empreiteira.
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Na reunião, afirma Pacífico, o ex-governador indagou sobre o interesse da empresa em fazer um estudo para a implantação de uma PPP em uma Arena. Em 23 de outubro de 2008, conforme a delação de Pacífico, a CNO e a Brasil Empreendimentos LTAD (ISG), subsidiária da International Management Group (IMG) apresentaram uma Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) para realizar o estudo, que foi entregue em 12 de janeiro de 2009 ao governo estadual. O delator lembrou que o Ministério Público interveio, através de recomendações, para que o edital se tornasse mais competitivo. O projeto contemplava a Cidade da Copa, projeto que não saiu do papel.
Ainda segundo o delator, Eduardo Campos estava preocupado com o fato de apenas uma empresa estar manifestando interesse na licitação. "Dessa forma, para diminuir os riscos de que a licitação pudesse ser questionada e cancelada pela falta de competitividade, eu designei Júlio Perdigão (diretor de investimento) para operacionalizar junto a Andrade Gutierrez a apresentação de proposta de cobertura. Julio Perdigão, conforme me narrou, tratou com o executivo da AG, Rodrigo Lopes, a apresentação da proposta de cobertura, o que ocorreu em 22 de março de 2010", disse Pacífico, na delação.
O delator afirmou, ainda, que a troca de favores também ocorreu no sentido inverso. A Andrade Gutierrez tinha interesse em vencer a licitação do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, e procurou a CNO para que apresentasse uma proposta de cobertura para o estádio. "Dessa forma, atendi a solicitação e autorizei o engenheiro Ricardo Ferraz, a mim vinculado, para que fosse apresentada proposta de cobertura, o que de fato ocorreu em 21 de agosto de 2009", declarou Pacífico em sua delação.
Na delação, Pacífico explicou como o esquema funcionava. A empresa interessada em vencer uma licitação dizia à concorrente qual valor deveria constar na proposta.
Em nota, o governo do Estado, que administra a Arena de Pernambuco, afirmou que "continuará fornecendo todas informações necessárias solicitadas por órgãos de controle e fiscalização" e que "tem tranquilidade e segurança quanto à correção de todo o processo de construção da Arena de Pernambuco".
Leia a nota na íntegra:
A Arena de Pernambuco continuará fornecendo todas informações necessárias solicitadas por órgãos de controle e fiscalização. Assim tem sido feito sempre que existem demandas.
O Governo do Estado tem tranquilidade e segurança quanto à correção de todo o processo de construção da Arena de Pernambuco.
A Arena é um patrimônio do povo de Pernambuco e trata-se da mais barata do Brasil entre todas construídas para a Copa do Mundo de 2014.
Governo do Estado