Além das obras de onde saíram os recursos para a formação do caixa 2 da Odebrecht, distribuído entre nomes da política pernambucana e de todo o País, as delações divulgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana também apontam os valores pagos a agentes políticos. Um deles é o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB). O nome do socialista aparecem em pelo menos dois inquéritos que tramitam no STF.
Um deles aponta o pagamento de propina no valor de R$ 200 mil no ano de 2010. Outro, atrelado ao colega do Estado vizinho de Alagoas, Renan Calheiros (PMDB), afirma que Fernando pediu R$ 1 milhão em 2013, quando era ministro da Integração Nacional, no governo de Dilma Rousseff (PT). O valor sairia da obra do canal do Sertão alagoano.
No caso da propina, o ex-diretor do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Benedicto Junior, e o ex-superintendente do Nordeste, João Pacífico, afirmaram que, em 2010, foi repassado a Fernando Bezerra Coelho o valor de R$ 200 mil. O pagamento foi feito em duas parcelas de R$ 100 mil. Os valores estão presentes nas tabelas do sistema Drousys, usado pela Odebrecht para controlar o pagamento de propinas.
Já João Pacífico afirmou que a Odebrecht tinha interesse em manter um bom relacionamento com o político, visto que ele ocupou cargos estratégicos no Estado, como secretário de Desenvolvimento Econômico e diretor de Suape. Na época das doações, estavam em andamento as obras do Cais V e do Píer Petroleiro. “No nosso sistema Drousys, consta na obra o valor que foi repassado no Cais V e no Píer Petroleiro recursos para o senhor Fernando Bezerra Coelho. Como também no próprio sistema consta que, para a eleição de 2010, tem R$ 200 mil para Fernando Bezerra Coelho", afirmou Pacífico na delação.
A assessoria do senador afirmou que ainda não teve acesso aos inquéritos e que não foi comunicada oficialmente. Na última terça, quando foi anunciado que Bezerra Coelho estaria entre os investigados pelo STF, a defesa do senador divulgou uma nota afirmando que ele “está à disposição das autoridades a fim de prestar quaisquer esclarecimentos”.
Fernando Bezerra tem o nome citado em pelo menos outros dois inquéritos no STF. Um sobre improbidade administrativa e danos ao erário e outro sobre crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores.
Além disso, o socialista é citado em outras operações da Polícia Federal, como a Turbulência, deflagrada em junho do ano passado, em que é citado como um dos interlocutores do ex-governador Eduardo Campos (PSB) no recebimento de propinas da Refinaria Abreu e Lima, instalada em Suape. Outra operação, a Fair Play, que apura irregularidades na construção e manutenção da Arena de Pernambuco.