Conhecido pelas manifestações a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o movimento Vem pra Rua voltará às ruas das principais cidades do País neste sábado (10) para promover um adesivaço em apoio à Lava Jato. O grupo, no entanto, não apresenta o mesmo poder de ação do passado quando se trata das críticas ao presidente Michel Temer (PMDB). Um protesto para pedir a prisão do peemedebista estava marcado para o dia 21 de maio, mas foi cancelado e até agora não há notícia de que vá haver outro. A alegação, na época, é de que o cancelamento ocorreu por questões de segurança.
A porta-voz do Vem pra Rua no Recife, Maria Dulce Sampaio, tentou explicar a razão do Vem pra Rua não fazer jus ao nome.
“Por que o movimento tem que chamar o povo para ir à rua agora? Para fazer o que? Para gritar o que? Tinha uma multidão querendo a saída do PT do governo. O povo se desmotivou. Não está no momento de sair porque não tem adesão. Não vamos sair com quatro gatos pingados. Você leu uma reportagem com um cientista político que falou que a indignação está de tal forma que está gerando nas pessoas uma apatia? Se a gente visse que tinha adesão, a gente tinha saído na rua”, afirmou.
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Ainda de acordo com Maria Dulce Sampaio, o Vem pra Rua não está protegendo o presidente Michel Temer.
“Lutamos pelo Brasil e não temos político de estimação. Votamos em Aécio Neves (PSDB), mas ele fez o que fez e que vá preso. Ninguém está defendendo o Aécio. Queremos a cassação da chapa Dilma(PT)-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e eleição indireta pelo Congresso porque o movimento é legalista. Estamos pedindo isso nas redes sociais. O que é que está faltando para o PT ir gritar o Fora, Temer no TSE?”, questionou.
Embora defenda a eleição indireta caso Temer deixe a presidência da República, a porta-voz do Vem pra Rua afirma que a escolha do novo presidente da República pelo Congresso seria “um horror” porque a classe política está “desacreditada e desmoralizada toda”.
Para ela, é preciso defender a Lava Jato. “Todo mundo está com uma indignação enorme diante de tanta corrupção e o Congresso está exposto depois da delação (da JBS). A coisa está literalmente disseminada e a limpeza tem que ser geral. A gente está trabalhando pela renovação política”, disse.
Na avaliação de Maria Dulce Sampaio, não havia clima para o Vem pra Rua participar dos atos realizados recentemente no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Não adiantava ir para a rua gritar o Fora, Temer porque era justamente o que o PT estava gritando porque queria eleições diretas”, enfatizou.
Em março de 2015, quando os movimentos contra Dilma Rousseff começaram a ganhar corpo, o Vem pra Rua divulgou um comunicado em que dizia que pretendia levar às ruas do País "todos aqueles brasileiros que ainda acreditam no Brasil, mas estão cansados de ficar apenas indignados com nossa classe política sem fazer nada. Por isso, vamos pra rua para manifestar nossa indignação e pressionar os governantes a respeitar os nossos valores democráticos".
O adesivaço do Vem pra Rua no sábado ocorrerá das 9h às 13h no cruzamento da avenida Domingos Ferreira com a rua Antônio Falcão, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. O movimento aproveitará a oportunidade receber doações de roupas, cobertores, alimentos, água mineral e material de higiene e limpeza. Os produtos serão destinados aos desabrigados em decorrência das enchentes que atingiram a Mata Sul e o Agreste de Pernambuco.
Foram confeccionados cerca de dois mil adesivos e os custos, de acordo com a porta-voz do Vem pra Rua, foram financiados com doações de amigos. “Tudo pessoa física”, assegura.
A ação do sábado poderá ser remarcado em caso de chuva forte no Recife. "Espero que não chova. Se chover, vamos ver as condições porque é um adesivaço. Se tiver um toró, o adesivo nem cola", explicou Maria Dulce Sampaio.