Mesmo com mais de R$ 1 bilhão investido, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) entrou para a lista de estatais que desandaram e corre um sério risco de esvaziamento. Peça que pode vir a ser fundamental para colocar Pernambuco como figura central do mercado de sangue brasileiro, a estatal, em meio a uma chuva de críticas, recebeu nesta quarta-feira (9) o total apoio do governador Paulo Câmara (PSB).
"A Hemobrás é hoje um patrimônio de Pernambuco e o Governo do Estado fará tudo ao seu alcance para que a empresa não seja esvaziada. Além disso, para o Brasil, a escolha economicamente sustentável é fortalecer a Hemobrás, em vez de enfraquecê-la", escreveu Paulo em nota enviada ao JC.
Atualmente, o Ministério da Saúde gasta mais de R$ 1 bilhão para obter e distribuir medicamentos hemoderivados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). No projeto da planta em Pernambuco, com 70% de execução física pronta, está prevista a construção de duas fábricas, uma de plasmáticos para produção de seis medicamentos, como albumina e imunoglobulina, e outra para o fator VIII recombinante. Há acordos com o laboratório francês LFB e a empresa irlandesa Baxalta/Shire para fornecer os medicamentos, enquanto a tecnologia não é repassada. Entre os entraves para alcançar a autossuficiência, está o atraso de obras.
Embora seja um projeto petista, lançado por Lula em 2004, o Governo de Pernambuco reconhece o potencial da empresa e promete 'firmeza' para qualquer proposta que pretenda retirar a estatal do Estado. "A Hemobrás é o resultado da atuação de diversos governos - estaduais e federais - que escolheram nosso Estado como o melhor local para receber a fábrica. Qualquer hipótese que vá na direção contrária será combatida com firmeza pelo Governo de Pernambuco. A unidade política é importante, fundamental, mas que vá além dos arroubos de motivação eleitoral", atestou Câmara.
Com o cronograma de obras interrompido várias vezes por indícios de irregularidades, como superfaturamento de contratos, além da falta de repasses da União, a Hemobrás se viu em apuros no ano de 2015, com a deflagração da Operação Pulso, da Polícia Federal, que investigou fraudes em licitações e contratos de logística de plasma e hemoderivados, além da própria construção da fábrica.
Dois anos depois, a empresa se vê em nova encruzilhada, com manobras do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP) para tirar a Hemobrás de Goiana, na Zona da Mata pernambucana, e levar a empresa ao seu reduto eleitoral, Maringá.
"A Hemobrás é hoje um patrimônio de Pernambuco e o Governo do Estado fará tudo ao seu alcance para que a empresa não seja esvaziada. Além disso, para o Brasil, a escolha economicamente sustentável é fortalecer a Hemobrás, em vez de enfraquecê-la. A Hemobrás é o resultado da atuação de diversos governos - estaduais e federais - que escolheram nosso Estado como o melhor local para receber a fábrica. Qualquer hipótese que vá na direção contrária será combatida com firmeza pelo Governo de Pernambuco. A unidade política é importante, fundamental, mas que vá além dos arroubos de motivação eleitoral".