“O prefeito está se fazendo de vítima”, disparou o deputado estadual Lucas Ramos (PSB) ao comentar as declarações do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (PSB), após ser destituído do comando do PSB na cidade do Sertão de Pernambuco, a pedido do parlamentar. O gestor municipal afirmou, em entrevista ao JC, que a decisão da Executiva Estadual representava “um convite” para que ele saísse do partido.
Segundo Ramos, a decisão de solicitar a retirada de Miguel Coelho da presidência do PSB em Petrolina se deu porque, segundo o deputado, os interesses do prefeito não coincidem mais com os da legenda. “Parte do PSB de Petrolina estava constrangida por se colocar contra o governo Temer, uma orientação nacional, mas ter o presidente municipal a favor da permanência do partido na base aliada do presidente, inclusive tendo o irmão como o ministro”, argumentou o parlamentar.
Ainda de acordo com Ramos, coordenador-geral da Frente Parlamentar em Defesa da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o apoio de Miguel à privatização da Eletrobras foi outro motivo que o levou a pedir sua destituição do Diretório Municipal. “O ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, irmão de Miguel, teve a iniciativa de vender uma estatal enquanto o Partido Socialista Brasileiro acredita no contrário, no fortalecimento das empresas estatais. Com base nisso, eu me senti motivado a apresentar a moção que gerou a discussão sobre o diretório municipal. Por unanimidade, todos os filiados do PSB que têm direito a voto entenderam que não havia mais condições de Miguel Coelho presidir o PSB em Petrolina”, disse. Com a saída de Miguel da presidência, o comando da agremiação na cidade para para as mãos do deputado federal Gonzaga Patriota e do próprio Lucas Ramos, que passa a ser vice-presidente da sigla.
Após ser comunicado, por telefone, que não presidia mais o diretório, Miguel comentou que entendia o gesto como um “convite” para que deixasse o partido. “Entendo que não tenho nenhum compromisso de permanecer, até porque se o principal prefeito do Sertão é destituído de sua própria cidade, em outras palavras é um convite para poder sair”, cravou, completando que não pretende permanecer em um local onde não o querem.
Sobre a fala do gestor, Ramos negou que existam pressões para que ele deixe a legenda e afirmou que ele está “se fazendo de vítima”. “Não dá para a gente discutir a reeleição de Paulo Câmara e o presidente municipal da legenda estar defendendo uma candidatura de oposição, liderada pelo pai dele. É inconcebível que o presidente municipal do nosso partido seja um dissidente. Em nenhum momento foi discutida a filiação do prefeito Miguel Coelho, não houve nenhuma manifestação para afasta-lo do PSB, então o que estamos vendo é o prefeito se fazendo de vítima para tentar justificar sua permanência na presidência do partido”.
O desafeto entre Lucas e Miguel não é recente. Na última eleição municipal, eles disputaram a indicação da sigla para concorrer à Prefeitura de Petrolina, mas o PSB optou por oferecer a vaga ao Coelho. O prefeito é, agora, o último da família a permanecer no partido, uma vez que seu pai, Fernando Bezerra Coelho, desembarcou da agremiação em setembro e agora trabalha por uma candidatura de oposição a Paulo Câmara no PMDB. Fernando Coelho Filho, seu irmão, abandonou os socialistas em outubro, por discordar das posições da legenda em relação ao governo Temer.