Com a possibilidade de a vereadora Michele Collins (PP) ou um indicado assumirem a Secretaria de Desenvolvimento Social, movimentos sociais preparam uma resistência que começa hoje com o lançamento de uma carta de repúdio e que deve incluir também uma manifestação de rua em data ainda não definida para pressionar o Palácio do Campo das Princesas. Entre aliados, o atual titular Roberto Franca é descrito muitas vezes como uma ponte importante entre o governo e a sociedade civil.
“A necessidade de acordos políticos para se garantir a governabilidade não pode ser danosa para milhares de pessoas que usam das referidas políticas públicas vinculadas à pasta, que lida diariamente com as mais diversas populações, agindo de forma republicana”, diz o texto da carta, que acusa os políticos do PP de terem “pensamentos conservadores” e “que insistem em colocar a sua fé acima dos princípios do Estado Democrático de Direito”.
O documento será lançado hoje pela manhã em reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), promovida pela secretaria.
“O grupo do pastor Cleiton Collins e da Missionária Michele Collins trabalham com comunidades terapêuticas vinculadas à fé cristã e à religiosidade. Nós trabalhamos com política de redução de danos, o programa Atitude. Quando a gente parte para trabalhar a questão do empoderamento da mulher na assistência social, ela já tem posicionamentos de dizer que a mulher tem que ser submissa ao homem. Como é que eles vão trabalhar com a questão LGBT? Com as políticas afirmativas para a comunidade negra e quilombola?”, questiona Mallon Aragão, membro do Conselho da Criança e do Adolescente e militante da área de assistência social.
Para Tiago Rocha, um dos coordenadores do Fórum LGBT de Pernambuco, a indicação de um nome ligado aos Collins para a pasta vai representar um retrocesso nas pautas do segmento. “A gente tem uma secretária que é um guarda-chuva de movimentos de direitos humanos. Dentro dele, está a pauta LGBT. Toda a política pública que foi desenvolvida até então, se não for bloqueada, vai ter uma barreira. Por exemplo, existe uma coordenação LGBT dentro da secretaria. Como é que vai ser a interlocução e as atividades dessa coordenação, uma vez que a futura secretária não concorda com a pauta e votou contra a criação de um Conselho LGBT na Câmara do Recife?”, questiona.