Doutor em Ciências Sociais e autor do livro A Cabeça do Brasileiro, Alberto Carlos Almeida aposta que o grande tema da eleição presidencial será geração de empregos. Para o analista, saúde e educação predominam nas disputas estaduais. Mas não haverá renovação. "O sistema político vai oferecer os candidatos que nós já conhecemos", prevê.
JORNAL DO COMMERCIO – Qual será o principal tema da campanha de 2018?
ALBERTO CARLOS ALMEIDA – A campanha é nacional. Na eleição de presidente, o tema dominante vem sendo a economia. Foi o Plano Real em 1994 e 1998. Em 2002, foi emprego. Depois, o aumento de poder de compra. Vai ser sempre algo em torno disso. O sistema da geração de empregos. Esse será o tema da campanha.
JC – A corrupção não vai ter um papel central na campanha?
ALMEIDA - Do ponto de vista do grande eleitorado, mais de 115 milhões de pessoas, a principal preocupação é econômica. A corrupção é uma coisa muito da elite política e jurídica. Não é algo que diz respeito a uma fatia maior do eleitorado.
JC - E a segurança, como vai influenciar nas eleições?
ALMEIDA - Em toda eleição, o tema predominante é a economia. Claro que vão ter outros. O da segurança aparece mais a nível estadual. Pode ser até que seja predominante em alguns Estados. Outro que vai predominar em alguns Estados é o da saúde. É uma coisa muito grave, que nunca foi resolvido a contento.
JC - Qual é o perfil de candidato que o eleitor vai procurar em 2018?
ALMEIDA - O perfil que o eleitor procura, ele não vai encontrar. Quando você fala de procurar, você fala de demanda. Mas tem a oferta. O sistema político vai oferecer os candidatos que nós já conhecemos. Em Pernambuco, o governador vai disputar a reeleição. Ele enfrentará um adversário que já está na política e não é novidade. As campanhas devem tender a ter nomes mais tradicionais. O PT com Lula, que já foi candidato quatro vezes. O PSDB deve ir com Alckmin, que já disputou governo e Presidência.
JC – Nós vamos ter renovação no Congresso?
ALMEIDA - A renovação tende a ser a mesma de sempre. Você vai pegar 50% ou 40%. Quando você estuda a renovação por dentro, você vai ver que os nomes são novos, mas os sobrenomes, não. Ou são nomes que já estão na política. É deputado estadual ou prefeito. É uma renovação de nomes, mas não de sobrenomes.
JC - O que um candidato deve fazer para falar com o eleitor?
ALMEIDA - Apesar de tudo, os temas que afligem a vida da população permanecem sendo os mesmos. Esses temas até se tornaram mais agudos por causa da falta de recursos. E ele vai ter que trabalhar para atender as demandas concretas do seu eleitorado. A corrupção é um tema mais distante da vida do eleitor. O que está mais próximo é saúde, segurança, transporte público.