Em entrevista concedida ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal o senador Armando Monteiro (PTB) lançou fortes críticas a situação do 13º salário do Bolsa Família prometido pelo governador reeleito Paulo Câmara (PSB) em sua campanha. "Isso foi completamente diferente do que foi anunciado na campanha. Foi mal estudado, fizeram agora o cálculo, parece até gente que não estava preparado", cravou.
Prometendo o mesmo benefício em sua campanha para o governo do Estado, Armando afirmou que não faria da mesma forma, respeitando o espaço fiscal. "Não faria dessa forma. Eu iria procurar espaço fiscal para essa proposta sair do papel. Mas dessa forma que está sendo feito está ferindo a sociedade", disse.
Em um recuo para tentar viabilizar o chamado 13º para os beneficiários do Bolsa Família, o governo do Estado fez uma mudança nas regras do programa, e as famílias inscritas no programa federal precisarão gastar metade do que estava previsto inicialmente para alcançar o teto de R$ 150 de abono anual, contido na proposta do governador Paulo Câmara (PSB).
Pelas novas regras, anunciadas nessa quinta-feira (22), os beneficiários do Bolsa Família receberão de crédito 5% do que consumirem na cesta de produtos básicos definida pelo governo. Isso significa que, para receber os R$ 150 ao final de 12 meses, eles terão que gastar R$ 3 mil – o equivalente a uma despesa média mensal de R$ 250.
A regra anterior do programa, intitulado Nota Fiscal Solidária, previa que os beneficiários receberiam de volta 2,5% do que consumissem ao final de 12 meses. Isso exigia de famílias que vivem abaixo da linha da pobreza que gastassem R$ 6 mil por ano, ou R$ 500 mensais. Pernambuco tem 1,1 milhão de unidades familiares no Bolsa Família. O benefício médio no Estado é de R$ 184,13.
Monteiro ainda prometeu continuar fiscalizando o atual governo e promovendo debates. "Nós vamos exercer esse papal. Essa eleição nos apontou o que é fazer a oposição. Os governos precisam disso, Pernambuco precisa disso mais do que nunca", contou.
O político pernambucano ainda criticou a extinção da Delegacia de Polícia de Crimes Contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp). Segundo ele, é lamentável retirar um órgão que investigava os crimes de corrupção em Pernambuco. "É lamentável que possa ser feito pela Assembleia Legislativa, é muito estranho extinguir algo que tinha processos de investigação em estágio adiantado, que se aproximava do governo de Pernambuco", afirmou.
"Que se de alguma maneira tinha alguma pressa, eles tinham que manter a delegada que estava a frente dos casos, até os processos serem resolvidos. É lamentável que Pernambuco possa ter sido palco de uma episódio bizarro como esse", completou.
A 5ª Vara da Fazenda Pública da Capital concedeu liminar, na última sexta-feira (16), suspendendo por 45 dias a extinção da Delegacia de Polícia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp). O retorno da delegada Patrícia Domingos, assim como o restabelecimento das investigações que estavam em andamento, também estão assegurados pela medida.
O objetivo da medida liminar era manter a manutenção dos inquéritos e demais procedimentos de investigação policial no âmbito físico e organizacional da antiga Decasp, para que fossem concluídos os inquéritos pendentes e catalogação de todos os procedimentos, que deveriam ser repassados à nova delegacia em seguida. Ação havia atendido a duas ações populares que pedem a nulidade da lei que cria o Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e extingue Decasp.