Paulo Câmara fala em ''entendimento'' com Governo Federal

Governador de Pernambuco afirmou que não irá abrir mão de buscar entendimento com o Governo Federal em busca de ações a favor do Nordeste e do Estado
Mirella Araújo
Publicado em 23/07/2019 às 14:20
Governador de Pernambuco afirmou que não irá abrir mão de buscar entendimento com o Governo Federal em busca de ações a favor do Nordeste e do Estado Foto: Hélia Scheppa/SEI


O governador Paulo Câmara (PSB) preferiu adotar um discurso mais ameno diante das falas polêmicas do presidente Jair Bolsonaro (PSL) quando se refere ao Nordeste. Após o lançamento da plataforma virtual do programa Todos Por Pernambuco, realizada nesta terça-feira (23), no Palácio do Campo das Princesas, o socialista pregou a busca por unidade e entendimento com o Governo Federal. “Acho que cabe ao papel de presidente da República, unir o Brasil. Mas, infelizmente as declarações que estão sendo feitas mostram o claro processo de aumento de divisões e isso é muito ruim para o Brasil, principalmente pelo momento que o país passa com a crise econômica e social, o desemprego. Nós temos muita responsabilidade como governante e por isso temos que trabalhar para unir”, declarou.

Além de chamar os governadores do nordeste de “paraíbas”, afirmando que “o pior deles é o do Maranhão”, referindo-se ao governador Flávio Dino (PCdoB), na última sexta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro também teceu críticas ao governo de Pernambuco, que teria utilizado o programa federal Bolsa Família para manipular os eleitores, questionando inclusive a paternidade do pagamento dessa parcela a mais. “Eu dei o 13º do Bolsa Família, agora o governador de Pernambuco, há poucos meses, anunciou na grande mídia do estado, que ele quem deu o 13º do Bolsa Família. Quando na verdade, esse projeto morreu no Senado por um relator do PT”, declarou. 

Sobre o assunto, Paulo Câmara respondeu que bastaria recordar que a promessa referente ao 13º do Bolsa Família foi anunciada em outubro de 2018 e já colocada em prática. “Acredito que no segundo turno, o presidente viu o que Pernambuco fez e lançou para o Brasil, o que é muito bom. Mostra que uma ideia que nós criamos aqui está sendo levada para todo o País. Isso é uma forma de unir o Brasil. Não vou deixar de cumprir minhas promessas em virtude de comentários de A, B ou C. Vou fazer o que Pernambuco pediu para fazer quando me elegeu”,disparou o socialista. Paulo também deixou claro que não pretende abrir mão de buscar entendimento com o Governo Federal em busca de ações a favor do Nordeste e do Estado.

 Instagram

Em seu perfil no Instagram, governador Paulo Câmara (PSB) já havia se posicionado nesta segunda-feira (22), cobrando bom senso do governo federal. “Não é tempo de procurar briga, é tempo de encontrar soluções, respeitando o compromisso que assumimos e, principalmente respeitando as pessoas”, declarou. “Se não é possível o consenso - e realmente temos muitas discordâncias de pensamento com o atual presidente - que prevaleça o bom senso”, concluiu. 

'Paraíba'

Na sexta-feira passada, dia 19, em áudio captado pela TV Brasil, Bolsonaro faz referência à região e diz que o governo federal não devia dar "nada" para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Há trechos inaudíveis da conversa em que não é possível entender o contexto. O presidente negou que no rápido diálogo com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tenha classificado os governadores do Nordeste pelo termo "paraíba" - forma pejorativa usada principalmente no Rio para se referir aos imigrantes da região.

O clima com os políticos locais, porém, ficou estremecido. Bolsonaro acusou os governadores de "manipular" eleitores nordestinos. O governador da Bahia, Rui Costa (PT),  afirmou nesta segunda-feira, 22, que não vai participar da cerimônia de inauguração do aeroporto. Em um vídeo nas redes sociais, ele alegou que o evento se transformou em uma "convenção político-partidária".

Queda de braço

O governador da Bahia e o presidente da República  travam uma disputa de bastidor pela paternidade da obra do novo terminal aéreo, no município que fica a 518 km da capital baiana, Salvador. Ao todo, o aeroporto de Vitória da Conquista recebeu investimento de R$ 106 milhões, dos quais R$ 75 milhões oriundos do governo federal e R$ 31 milhões da administração estadual. O novo terminal, com pista de pouso e decolagem de 2.100 metros com 45 metros de largura, terá o dobro de capacidade do antigo, podendo ampliar para sua movimentação para 500 mil passageiros até 2020.

No vídeo, Rui Costa agradece aos ex-presidentes Dilma Rousseff (PT), pela assinatura do convênio que possibilitou a construção do aeroporto, e a Michel Temer (MDB), que realizou o pagamento da última parcela em novembro de 2018.

O senador Jaques Wagner (PT), ex-governador da Bahia, que também foi citado nos agradecimentos, utilizou o Twitter para declarar apoio ao correligionário. “A inauguração do novo aeroporto de Vitória da Conquista era para ser uma grande festa do povo, como Rui Costa e todos nós queríamos. Mas o governo federal e a prefeitura transformaram em um mesquinho tato político-partidário. Essa não é a maneira de fazer política que acreditamos”, criticou Wagner. O prefeito da cidade, Herzem Gusmão (MDB), é bolsonarista.

No último domingo (21), Bolsonaro afirmou que não temia ataques e protestos em reação à declaração dada durante o café da manhã com jornalistas, na sexta-feira (19) passada. “A Bahia é Brasil. Sem problemas. Sou amigo do Nordeste, poxa”, declarou.

O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou ontem que Bolsonaro destacou ser importante inaugurar o aeroporto pelo estímulo ao turismo e à economia local. Segundo ele, o Planalto não se preocupa com eventuais críticas ao presidente ou protestos no evento. “Em qual cidade nosso presidente chega e não é ovacionado? Em todas. E não seria diferente na cidade onde temos apreço pelo prefeito e pelo povo”, disse o porta-voz.

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