Ao contrário do que alguns imaginam, não é a ideia do Podemos que Patrícia Domingos, ao ser candidata à Prefeitura do Recife, assuma a defesa do Governo Federal e nem tenha Jair Bolsonaro no palanque. Ao menos, é o que ficou claro na apresentação após a filiação, em Brasília. O líder do Podemos no Senado, Álvaro Dias, fez um discurso crítico ao Governo Federal, citando corrupção.
"Nós achávamos que a eleição de 2018 seria um marco importante no avanço da política de combate a corrupção no país, e já sofremos algumas decepções, com retrocessos imperdoáveis", declarou o senador que foi candidato à presidência em 2018.
O posicionamento deixa claro onde estará Patrícia durante a eleição. O Podemos, desde 2019, assumiu posição de apoio apenas parcial ao governo Jair Bolsonaro e costuma dizer que é o partido de Sérgio Moro, ministro da Justiça. Seria o grupo chamado de "lavajatista", que não acompanha os "bolsonaristas".
A opção de Patrícia pelo Podemos, desde já, abre espaço para que a oposição à direita do PSB, seja obrigada a ter duas ou três candidaturas, no mínimo. O grupo bolsonarista que já tentou lançar Joaquim Francisco (PSDB) ainda busca outro nome. Falou-se já na possibilidade de os apoiadores de Bolsonaro embarcarem na candidatura de Patrícia. Isso aconteceria mesmo com as críticas do Podemos a Bolsonaro?
Patrícia, que é carioca, tentou mostrar proximidade com a cultura pernambucana ao citar Capiba com a música "Madeira que Cupim não rói". O curioso é que a música tornou-se símbolo das campanhas do PSB em Pernambuco, desde 2006 quando Eduardo Campos venceu a primeira disputa para o Governo do Estado.
Domingos quer ser a personificação de uma "filosofia da operação Lava Jato", como disse Álvaro Dias em outro ponto do discurso. O que, exatamente, isso significa, é algo que será preciso esperar pra ver. Que prefeitura não é delegacia, todos já devem saber. Ou deveriam.