No Dia das Crianças, cuidado com a alimentação dos pequenos é fundamental

A obesidade já é considerada uma epidemia em diversos países e no Brasil não é diferente. Um dos fatores que contribui para o aumento das estatísticas é associação entre produtos infantis e alimentos calóricos
Flora Freire
Publicado em 11/10/2013 às 9:24


A alimentação de Ivo Ferreira, que tem 9 anos e pouco mais de 60Kg, é vigiada diariamente. Foto: Flora Freire/JC

O Dia das Crianças está chegando e não há nada que os pequeninos gostem mais de comer do que guloseimas. Podem ser pirulitos, balas, tortas, chocolate e hambúrgueres, vindo ou não acompanhados de brinquedos e de outros incentivos. Mas uma coisa é certa: nenhum excesso faz bem ao organismo. Ainda mais quando o assunto é manter o peso.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que a obesidade está rapidamente se tornando a principal questão de saúde pública em diversas partes do mundo. E o problema é tanto que a doença já é considerada uma epidemia, atingindo ao menos 10% da população em diversos países, incluindo o Brasil. No país, a última de Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2008 e 2009, reforça as estatísticas. Estima-se que, no mínimo, uma em cada três crianças entre 5 e 9 anos  apresentam peso acima do recomendado pela OMS.

Um dos fatores que aumenta o desejo das crianças por alimentos calóricos está na embalagem de brinquedos e alimentos. “A associação de brinquedos com alimentos de gorduras saturadas ainda é muito frequente no Brasil, embora eu já tenha ouvido sobre projetos de lei para barrar esse tipo de incentivo. Há ainda empresas que colocam imagens de desenho animado na embalagem como se fosse algo inocente, feito para a criança”, alerta a Maria Auxiliadora Albuquerque, nutricionista pediatra do Hospital das Clínicas.

Algumas lanchonetes tentam se adequar à realidade, como fez a McDonald’s ao substituir refrigerante por suco e acrescentar frutas em um de seus produtos infantis. Mesmo assim, a nutricionista ressalta que alimentação saudável começa em casa. “Hoje em dia as crianças são vítimas do cardápio familiar, ao ingerirem apenas alimentos industrializados, ao invés de feijão, frutas e legumes. Existem inclusive estudos que relacionam a obesidade ao estilo de vida, relacionando-a com o hábito de assistir TV enquanto se faz a refeição”.

Outra forma de prevenir a obesidade, que também pode estar relacionada ao fator genético, é através da amamentação. “O leite materno tomado nos primeiros seis meses de vida diminui o risco da criança ter obesidade no futuro. Até mesmo porque evita que a criança consuma mingau e acostume o paladar”, explica. O hábito de levar o alimento à boca mais frequentemente também passa a ser incentivado na ausência da amamentação.

Para combater a obesidade, Ivo luta taekwondo. Foto: Flora Freire/JC

Quem sofre com o excesso de peso é Ivo Ferreira. Ele tem 1,48m, pouco mais de 60 quilos e 9 anos de idade. A luta para emagrecer é diária e inclui a prática do taekwondo. “Senti melhoras na autoestima, na disposição e no caráter”, afirma, quando questionado sobre os benefícios. A alimentação também é diferenciada: o feijão preto é substituído pelo macassar, e a ingestão de farinha, óleo, frituras e açúcar é evitada sempre que possível.

O professor de Ivo é o mestre em taekwondo Murilo Félix. Ele explica que esse não é o único aluno entre 5 e 12 anos a ingressar no curso por recomendação médica. “Todo mês depois de se pesarem na balança é entregue uma medalha diferenciada para quem se esforçou mais. Todos ganham a premiação, mas quem se destacou em critérios como alimentação e desempenho, por exemplo, ganha uma de pontuação mais alta”. O professor garante que em poucos meses já é possível ver melhoras e que esta é apenas uma das formas de incentivo, além do método lúdico, de caminhadas em equipe e da criação de categoria específica para alunos acima do peso.

Algumas consequências da obesidade são hipertensão, colesterol alto e problemas articulares. Mas nada impede a constatação de doenças como a pré-diabetes, ou diabetes tipo 2, antes só diagnosticada em adultos. O excesso de peso, que é calculado de forma diferenciada para as crianças, também prejudica a autoestima e, por consequência, a interação com os colegas. Alguns preferem comer a brincar com amigos durante as festas. Outros comem ainda mais devido a ansiedade ou depressão. Diante dessas e de outras dificuldades, o mais indicado é a combinação entre alimentação balanceada e atividade física.

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