Pio Figueiroa se sente em casa em São Paulo. Vivendo na Zona Oeste da cidade aprendeu que ser migrante em Sampa não é ser exótico (fora da ótica). Depois de uma experiência no Curso Abril, em 1997, o fotógrafo pernambucano desistiu arriscar uma estadia em São Paulo, em 1999. Veio sem trabalho certo e dois meses depois estava numa grande revista.
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“Quis sair do Recife por falta de oportunidade no mercado da fotografia, que se restringia muito aos jornais. A expectativa que o Recife tinha em relação a fotografia não me bastava. Eu queria ir para um lugar onde eu pudesse me sentir fotógrafo. Fui muito bem recebido em São Paulo. O ritmo era mais acelerado, mas me adaptei fácil. Pio trabalhou em revista e jornal e depois criou o coletivo Cia de Foto, que se desfez no ano passado. Atualmente trabalha com direção de cena.
A escolha profissional não apagou as memórias afetivas da terra-natal. “Tenho amigos no Recife que são insubstituíveis. Também faço questão de voltar todos os anos, por conta dos meus filhos (são três). Quero que eles tenham uma relação afetiva com Olinda, Aldeia e Tamandaré, lugares onde estão avós, primos, parentes”, destaca.
O fotógrafo pensa em fazer um ensaio fotográfico sobre o bairro do Coque, no Recife. “Conheço o lugar desde pequeno e estou maturando essa ideia. Nunca mais fiz trabalhos no Recife porque as pessoas criaram certo preconceito por ter ido morar e trabalhar fora. Falta um senso de comunidade. As pessoas têm certa dificuldade de aceitar e trocar experiências com quem viveu fora e assimilou coisas novas”, acredita.
Apesar das diferenças com o mercado de fotografia da cidade, Pio diz que consegue chegar no Recife e abstrair os seus defeitos do lugar. Questionado se pensa em voltar à cidade responde: “agora não tenho vontade, ainda tenho muito que aprender”, conclui.