Nômades

Marie-Charlotte descobriu a música e a si mesma no Recife

Francesa peregrinou por vários países e encontrou pouso no Brasil

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 02/11/2014 às 8:45
Heudes Regis/JC Imagem
Francesa peregrinou por vários países e encontrou pouso no Brasil - FOTO: Heudes Regis/JC Imagem
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Com sorriso no rosto e pernas dobradas sobre o sofá, a francesa Marie-Charllote, de 26 anos, conta sua trajetória andarilha até chegar ao Recife. Saiu de casa pela primeira vez aos 19 anos, para fazer intercâmbio na Irlanda, e já se vão 7 anos de partidas e chegadas. Começou a estudar antropologia, migrou para comércio exterior e acabou virando artista. Hoje divide seu tempo entre a música, o teatro e o desenho. 



Nas suas andanças pelo mundo, Marie passou pela Irlanda, Honduras, Guatemala, México, Índia e Brasil. Aprendeu inglês, espanhol e português, mas comemora mesmo o que descobriu com as pessoas. Nessa travessia sempre fez questão de escrever cadernos de viagem, que guarda até hoje. 


“Como toda mãe preocupada com o futuro dos filhos, a minha queria que eu me decidisse sobre o que queria fazer para ter uma carreira e um emprego. Mas eu não sabia o que queria fazer. Quando estava com 23 anos minha mãe dizia que eu não tinha tempo a esperar, mas descobri que posso começar tudo o que quiser em qualquer idade”, assinala. 


Estudiosa do nomadismo, quando cursava antropologia, Marie diz que se sente em casa em qualquer lugar do mundo. “Estou em casa quando fico perto de pessoas que me fazem bem. Tenho grande capacidade de me adaptar e desadaptar também. Chego, conheço os lugares, as pessoas, faço o que tenho que fazer e depois vou embora”, conta.   


No Brasil, uma das primeiras palavras que aprendeu a pronunciar foi “chão”. E foi nesse chão tropical que sossegou a impermanência nos últimos 3 anos. Passou pelo Rio, Belo Horizonte e Salvador até parar no Recife. 


Quando criança, incentivada pelos pais, Marie estudou flauta, mas a a rigidez do conservatório a fez abandonar o instrumento. O reencontro com a flauta aconteceu no Recife, junto com a descoberta de que poderia cantar, tocar e compor. “Até então a música não tinha se apresentado em mim. Toda essa viagem, esse longo caminho que percorri até aqui foi para me encontrar. Descobrir o que amo fazer”, revela. 


Ao longo desse deslocamento Marie decidiu até mudar de nome. Se batizou artisticamente de María Raútureau (sobrenome da mãe). “Quando cheguei na Gutemala, decidi trocar meu nome para Maria. As pessoas falavam que não deveria fazer isso, porque era uma nome pejorativo, que batizavam as índias discriminadas na América Central”, lembra. 


Os planos futuros de Marie incluem uma viagem a Paris com o marido brasileiro Forllan para apresentar aos pais. Vão levar do Recife a música que fazem juntos no grupo Nós Moscada. “Espero que eles gostem e entendam que isso me faz feliz”. Pelo menos por enquanto Marie pensa em continuar no Brasil. Depois, quem sabe.

 

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