Quem tem medo da "orkutização"?

Compra do Instagram pelo Facebook e disponibilidade para Android gerou polêmica. Usuários antigos temem invasão de conteúdo mais popular
Do JC Online
Publicado em 11/04/2012 às 11:12


Orkutagram. Instapobre. Não faltam apelidos depreciativos para o Instagram, rede social dedicada à fotografia, desde que foi anunciado que ela também estaria disponível para o sistema operacional Android. E para completar, esta semana a diretoria do Facebook anunciou a compra do serviço por US$ 1 bilhão. Juntas, as duas notícias geraram polêmica na internet, onde muitos usuários originais do Instagram, todos, claro, proprietários de iPhones, manifestaram temor que a rede seria “orkutizada”, ou seja, seria tomada por fotos tiradas em aparelhos menos nobres e que teriam conteúdo mais popular, menos artístico.

A provocação ganhou até Tumblrs dedicados a gozar com o conceito. O Android No Instagram traz fotos de refeições do tipo macarrão instantâneo com salsichas, ou piscinas improvisadas em caixas-d’água, todas devidamente modificadas com efeitos sépia. Na mesma linha, o Orkutagram traz imagens de pastéis e bandejões. “Acho elitismo e uma grande bobagem. Quanto mais gente usar, maior a diversidade”, diz a pesquisadora Aurora Barbosa, usuária do Instagram ainda na plataforma iOS.

A única preocupação dela é quanto ao futuro da privacidade na rede social. “Usava o Instagram por causa da privacidade. Meu perfil é fechado, e agora com a compra do Facebook não sei como ficará”, diz.
Outros usuários encaram as provocações com bom humor. “Eu estou orkutizando o Instagram”, diz o analista de

sistemas Edson Silva Filho. “Não tenho iPhone. Logo, sou pobre e filho do Orkut. Também não sou hipster, nem posto fotos de gatos ou de mosaicos feios”, brinca Edson, que usa a rede social para compartilhar tudo que acha digno de ser compartilhado. “Tiro fotos de minha banda, ou do meu café. Acho isso legal no serviço. Fotografo o que merece ser compartilhado”, diz.

Polêmicas à parte, o que uma companhia com 12 funcionários e sem receita tem para valer tanto dinheiro? Capital social e valor estratégico. A compra do Instagram foi um golpe certeiro no Google, por exemplo, antes que a toda-poderosa companhia que domina a internet transformasse o Instagram em um aplicativo para o Google Plus. É curioso ver que o anúncio da compra veio menos de uma semana depois da disponibilidade do aplicativo para o Android, cria do Google.

“O que eu temo mesmo é uma facebookização”, comenta o fotógrafo Renato Spencer. “O Instagram é uma excelente rede social, incrivelmente prazerosa e fundamentalmente fotográfica. Não gostaria de perdê-la, caso o Facebook resolva eliminar o serviço, por exemplo”, pondera.

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