No final de setembro foi comemorado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Mas os números revelados por uma pesquisa da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC) não são animadores. Até aqui, o ano de 2020 tem se mostrado desastroso para a geração de empregos aos profissionais com deficiência. De acordo com a pesquisa, desde janeiro, 23 mil PcDs perderam o emprego; até aqui todos os meses do ano tiveram saldo negativo para esses profissionais.
Em 1991, o Brasil sancionou a Lei 8.213 que define cotas para pessoas com deficiência. Desta forma, as empresas têm obrigação de contratar um percentual de PcDs proporcional ao seu número de funcionários. Mas, de acordo com o responsável pela pesquisa, o economista Fabio Bentes, a reação do mercado para os portadores de deficiência é muito lenta, até quando o profissional tem ensino superior. Desta forma, a impressão é de que as empresas contratam PcDs apenas para cumprir a cota exigida por lei e não com o interesse de incluir essas pessoas no mercado de trabalho.
Mas o problema não é de hoje. Apesar da Lei 8.213, a famosa Lei de Cotas, ter quase 30 anos, os profissionais da área ainda sofrem bullying e dificuldades de serem promovidos. Sem dúvidas, a maior barreira é o preconceito. É necessário que o mercado entenda que deficiência não significa incapacidade e saiba que PcDs são sim capazes de realizar trabalhos com excelência assim como qualquer outro funcionário.
E, por isso, as dicas de hoje são para que empresas e profissionais possam entender como se preparar para receber esses profissionais e tornar sua presença na empresa natural.
Ainda existe preconceito e resistência na chegada de PcDs na empresa. O papel do RH é informar sobre a chegada e detalhar as limitações do profissional para evitar constrangimentos. E todos podem ajudar promovendo a integração no ambiente de trabalho e garantindo um clima organizacional agradável a todos.
Receber PcDs na empresa exige investimento. Quantas vezes nós deparamos com empresas sem rampas de acesso, por exemplo? Mas as empresas precisam se adaptar não só na estrutura física, mas na cultura.
A cultura da empresa é o conjunto de valores, claros e bem estabelecidos, que são compartilhados pelos membros de uma empresa. Numa organização, é necessário que a diversidade esteja no DNA da empresa. Só assim profissionais com deficiência se sentirão bem aceitos e inseridos.
A diversidade é uma ferramenta essencial para promover o pensamento crítico e a construção de novas ideias.
O ideal é que as empresas promovam a diversidade cultural entre seus funcionários integrando pessoas com deficiências ao mercado de trabalho, assim como pessoas negras, idosas, com ideologias diferentes, dentre outras.
Em tese, os PcDs devem passar por uma avaliação periódica, assim como os demais funcionários. Mas é importante ajudá-los a desenvolver competências e mostrar que eles estão na empresa para crescer e contribuir com os resultados.
Pode parecer óbvio, mas como comentei no início do texto, muitas empresas contratam PcDs para cumprir a lei. Felizmente, diversas empresas já perceberam que esses profissionais têm potencial como qualquer outro e que podem sim contribuir com os objetivos e crescimento da empresa.
Inclusive, nas grandes organizações é comum encontrar um comitê interno que pensa em ações voltadas a integração e desenvolvimento.
Para os PcDs fica a dica: estudem, preparem-se para o mercado e desenvolvam suas competências e conhecimentos em sua área de atuação. É possível que sua entrada na empresa tenha sido por uma condição específica, mas sua permanência e crescimento passam por seu esforço, sua dedicação e sua vontade de contribuir.