Num ano marcado por pandemia, desemprego, e indefinição sobre o futuro econômico, o valor necessário para eleger João Campos (PSB) no Recife chama atenção.
Ele ter ficado devendo mais de R$ 600 mil já é preocupante.
Mas, o montante de R$ 10.525.300,96 utilizados para a campanha do socialista é alto e destoa de outras campanhas vitoriosas em outras capitais.
Em Fortaleza, cidade mais populosa que Recife, José Sarto (PDT) teve uma disputa mais acirrada e gastou pouco mais de R$ 9 milhões.
No Sul, Porto Alegre, que tem uma população próxima da recifense e onde a eleição também foi ao 2º turno, o gasto do prefeito eleito, Sebastião Melo (MDB), foi de R$ 1,6 milhão, cerca de 6,5 vezes menor que o gasto de Campos na capital pernambucana.
E não se trata de algo que tornou-se necessário apenas por aqui, seja qual for o motivo. Porque a mesma campanha enfrentada por João Campos foi enfrentada por Marília Arraes (PT), o mesmo período e os mesmos desafios.
Ela gastou R$ 5 milhões a menos do que ele.
A equação que envolve fatores como campanha muito cara, com dívidas, palanques muito largos e aliados sedentos por espaço, costuma ter como resultado um governo travado em seu início.
Considerando o que podia gastar, o limite definido pela Justiça Eleitoral, o prefeito eleito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), gastou 27,9% do que podia para se eleger. Campos, no Recife, contratou 99,8% do limite, para vencer a disputa.
Em São Paulo, numa disputa que também foi ao 2º turno, Covas poderia gastar até R$ 72.519.137,15, segundo a Justiça Eleitoral. Gastou R$ 20.241.943,25 e foi eleito. Com a votação que alcançou (3.169.121 votos), cada voto saiu por exatos R$ 6,38.
No Recife, o TSE definiu o limite de R$ 10.538.021,09. Campos contratou serviços na campanha por R$ 10.525.300,96. Para cada um dos 447.913 votos que ele alcançou, gastaram-se R$ 23,49. Comparado a São Paulo, foram R$ 17,11 a mais, por voto.
A culpa não é do prefeito eleito do Recife, apenas, é da coordenação da campanha e da organização do grupo.
Ele tem se mostrado disposto a enfrentar desafios, e são muitos para a cidade.
Antes, precisa pagar as dívidas, que não são só financeiras.