Observando as discussões sobre o partido que Bolsonaro quer integrar para ser candidato, vê-se logo que o sistema partidário brasileiro faliu enquanto instrumento democrático.
Nada a ver com o presidente, ele pode ir pra onde quiser, até para o PT, onde talvez se desse muito bem.
Brincadeiras à parte, o que incomoda é a constituição atual do Patriota, sigla preferida do capitão presidente.
O partido passou por uma fusão com o PRP, por conta da cláusula de barreira, após 2018. O presidente atual se chama Adilson Barbosa, mas quem manda mesmo é o vice, Ovasco Resende, que era do PRP.
Isso tem sido um dos problemas para a entrada de Bolsonaro.
O partido é tratado, internamente, como se fosse uma "empresa". Resende tem 50% da sigla, Barbosa tem 30% e os parlamentares com mandato ficaram com 20%.
Barbosa aceita que os bolsonaristas usem a sigla como plataforma de aluguel, como o PSL em 2018, pensando no que pode faturar, sendo o partido do presidente. O PSL, por exemplo, tem aproveitado bem as centenas de milhões de reais em fundo partidário, por ter saído da eleição com a segunda maior bancada do país.
Já Resende exige mais independência e quer manter o controle do partido, porque sabe que o "mercado" está diferente daquela época.
Não estivéssemos falando de um partido político, mas de uma empresa com capital aberto, seria tranquilo.
O problema é que a democracia virou balcão e o dinheiro que sustenta esse mercado é público, sai dos impostos que os brasileiros pagam cada vez mais e com cada vez mais sacrifício.