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Cena Política

Por Igor Maciel
Sempre atrasados

Oposição em PE vai cometer mesmo erro em 2020? Escolher nome na véspera ajuda muito na derrota

Em 2018, no estado, e em 2020 na eleição do Recife, oposição ao PSB só resolveu candidaturas no prazo final do calendário. Partiu errado e perdeu as disputas. Se não quiserem errar de novo, precisam trabalhar alguém de agora.

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Igor Maciel

Publicado em 15/02/2021 às 11:25 | Atualizado em 15/02/2021 às 11:26
Luís Roberto Barroso vê semipresidencialismo como um antídoto às recorrentes crises do sistema político brasileiro - ANTONIO AUGUSTO/ASCOM/TSE

O PSB já tem um candidato. Ele é o nome do partido para disputar o governo do Estado desde que era prefeito. Mais que isso, Geraldo Julio já era o candidato de 2022 quando foi reeleito no Recife em 2016.

Os políticos mais tradicionais, que povoam a oposição, acham que é queimar etapas, etc.

Como os socialistas fazem isso desde que Eduardo morreu e não perderam nenhuma eleição desde então, deve ter sido sorte.

Ou, hipótese mais provável, o PSB percebeu que o dinamismo das relações humanas foi modificado desde os anos 1990, quando telefone fixo era herança gorda e a oposição não.

Existem muitas vantagens em trabalhar um nome com bastante antecedência. Dá para testar o futuro candidato com calma, ver o impacto nas redes sociais, entender como funcionam os apoios internos, de militância. Dá pra ir corrigindo o rumo ao longo dos meses e não no espaço de 45 dias do calendário do TSE.

Com as redes sociais, tudo ficou muito rápido, mas os grupos políticos se enganam ao achar que solidez não é algo desejado por esse público. Por mais que o faça sob premissas erradas, o eleitor médio vive sob a cultura de que escolher um candidato é coisa séria.

A ideia de confiança e solidez para tomar essa decisão tende a ser maior por causa da efemeridade das redes sociais. Como tudo é muito rápido e muda com velocidade, o sujeito tende a escolher alguns elementos do cotidiano para reduzir a velocidade rotineira. Um desses elementos é a eleição.

E, aí, entra um componente essencial. Consciente de sua pouca instrução e sem formação política, o eleitor médio tende a "não arriscar com algo sério". Acaba apostando naquilo que ele já conhece e vota em quem já fazia parte do seu cotidiano. 

Para a vitória, por esses fatores, estar no exercício do mandato ajuda, mas não é só isso. Ser "o" nome, desde muito tempo, mesmo que não explicitamente declarado, é fundamental.

Lembremos da eleição na capital. O deputado federal Felipe Carreras (PSB) era um nome natural do partido para disputar o Recife. Mas João seria o candidato. Quando isso foi decidido internamente, Carreras fez questão de exaltar o atual prefeito, lembrar que eram amigos, e encerrou a questão.

Quando isso aconteceu? No fim de 2018. Ali, já se começou a trabalhar o nome de Campos. Dois anos de antecedência.

Na oposição, Mendonça Filho (DEM) e Daniel Coelho (Cidadania) se engalfinharam até o limite do prazo eleitoral, extendido por causa da pandemia, brigando para ver quem colocaria o nome na urna. Decidiram cerca de 50 dias antes do pleito.

O eleitor olha para as duas situações e aposta no que lhe passa mais segurança.

Imagine dois grupos de paraquedistas saltando. O primeiro grupo organiza a distribuição dos paraquedas com antecedência, divide funções e salta, cada membro no seu espaço, chegando ao chão com tranquilidade.

O segundo grupo, pula no último segundo, discute em pleno voo quem fica com qual paraquedas e no meio do caminho vão aos tapas, todos, por causa da decisão. 

Quando chegam vivos, é milagre.

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