Farinha pouca, o meu pirão primeiro.
A discussão sobre o que é ou não essencial durante a pandemia passa pelo ditado popular.
A crise sanitária, a maior pela qual o Brasil já passou, transformou em prova irrefutável o egoísmo da humanidade.
Em todas as discussões coletivas, sobre o futuro do País, sempre se viu esse comportamento. Em uma necessária reforma da Previdência recente, por exemplo, todas as categorias se apresentavam como "mais importantes" ou, aquelas com as quais "não se podia mexer".
Todo mundo quer ver a construção subir, e todo mundo acha que já doou tijolo demais, apesar de a obra não ter saído do chão.
Esse olhar do "eu primeiro" é o que anestesia qualquer tipo de sentimento quando temos mais de 3 mil mortos por uma só doença em 24h, mais de 280 mil vidas perdidas em um ano, pessoas morrendo sem ar por falta de leitos suficientes em UTIs.
Há quem morra pelo direito de respirar enquanto outros exigem o direito de se reunir com os amigos em uma festa.
O Brasil é uma obra que mal começou, apesar de ter cinco séculos. É um edifício que todos querem ver imponente, mas ninguém quer mexer o cimento.