O STF inovou. Tirando os filmes policiais, com performances espalhafatosas de advogados e juizes, não é todo dia que se vê um julgamento durar tanto tempo e ter tantas reviravoltas.
No episódio, é claro que se olha para Sergio Moro e Lula (PT), mas é preciso destacar os ministros do STF também.
Fosse um jogador de futebol, o STF seria o sujeito que atravessou o campo e driblou meio time adversário pra fazer um gol.
Você torce pelo "time" que perdeu? Acredita que a jogada foi ilegal? São outras discussões.
A "mágica" do lance decorre do fato de o julgamento do Habeas Corpus impetrado pela defesa de Lula ter começado em 2018, com um conjunto de argumentos, ter terminado ontem (24), com o mesmo conjunto de argumentos, e o resultado ter sido o inverso da expectativa que havia há três anos.
O que mudou, de verdade, nesses mais de 36 meses?
O status de Sergio Moro e as mensagens da "Vaza Jato".
As mensagens não estão no pedido da defesa.
Na teoria não foram levadas em consideração pelos julgadores. Na prática, foram lidos e relidos trechos das conversas à exaustão durante o julgamento.
O status de Moro o deixou vulnerável. Quando era tratado como super-herói, estava blindado contra qualquer prova. Não sendo ministro, nem magistrado e nem "herói do povo", ficou exposto.
E foi ele quem tomou esse caminho ao abandonar a magistratura, embevecido pelo desejo de ser ministro de Estado.
As lições que ficam do episódio é que magistrados e ministros não podem ser heróis. E a conveniência, somada à oportunidade, pode transformar a Justiça em mera retórica.