Desde o início da semana, Bolsonaro demitiu três ministros e mexeu em seis ministérios, sem falar no comando das Forças Armadas. Gerou uma crise com os militares.
Um membro de sua base, que já foi líder do governo, o deputado Vitor Hugo (PSL), tentou pautar na Câmara Federal um projeto sobre "Mobilização Nacional" que, no fim das contas, podia dar ao presidente o supremo poder de controlar os policiais militares nos estados. Chamado de golpe sanitário, foi barrado até por parlamentares da base.
As instituições funcionam e as Forças Armadas se mostram sólidas na defesa da Constituição quando pressionadas, o que nos dá fôlego democrático.
Outro fôlego, aliás, é que deveria ser motivo de preocupação para o Brasil e não foi.
Porque o mesmo presidente que fabricou essa crise, terminou a primeira reunião de um comitê de combate à covid-19, defendendo que as pessoas se arrisquem nas ruas, pra não prejudicar a economia.
Estamos acostumados, há muitos anos, com governos que ajudam quando são passivos e não atrapalham.
Esse governo parece fazer questão de atrapalhar e tem nisso sua missão de cada dia, fabricando crises.
Listando todas as alterações nos ministérios e nas Forças Armadas, é impossível apontar uma que não tenha sido feita para salvar o pescoço do presidente ou para se livrar de alguém que o incomodava.
Enquanto Bolsonaro testava a resistência das instituições, esperneando sobre sua perda de autoridade evidente, provocada pelas atitudes dele ao longo de quase dois anos e meio, foram encerradas 7.730 vidas brasileiras por covid-19 em apenas dois dias inteiros e consecutivos.
O trem está sem freio e o maquinista quer discutir o horóscopo.