A deputada federal Marília Arraes (PT) tem tomado atitudes que evidenciam uma possível guinada ao centro, buscando um espaço em algum outro partido.
Ao menos, é a desconfiança de alguns colegas de política da parlamentar.
Até conseguir a candidatura à prefeitura do Recife, Marília seguia os protocolos petistas e teve em Gleisi Hoffmann (PT), presidente nacional do partido, sua maior aliada contra Humberto Costa (PT), por exemplo.
Mas, a derrota na eleição teve um fator decisivo: o antipetismo.
Quando ameaçou o PSB, os socialistas usaram a corrupção nos governos nacionais petistas para atacar a candidata. No segundo turno, João Campos (PSB) apelou para conseguir até o voto dos bolsonaristas e venceu.
O PT que foi solução no 1º turno, virou problema no 2º turno para a neta de Miguel Arraes.
Tudo indica que o PT vai apoiar o PSB em 2022 para o governo de PE. Para ser candidata, como deseja desde 2018, Marília teria que enfrentar uma nova luta, imensa, com o risco crescente de ser colocada de lado novamente pelo PT.
A eleição da Mesa Diretora na Câmara, quando concorreu contra a indicação do partido, foi sintomática. Agora, a abstenção sobre o projeto de compra de vacinas por empresas privadas, também.
"Ela está querendo ser expulsa", diz um deputado pernambucano à coluna.
É possível.
Alguém pode questionar o motivo de provocar uma expulsão no PT, quando uma janela vai se abrir em breve, sem risco de perder o mandato.
É que a janela não está tão próxima assim, deve abrir só em março de 2022. E a oposição já começou a se movimentar para escolher um candidato e uma estratégia que derrote o PSB.
Se sair do PT apenas em março do ano que vem, Marília chega atrasada na festa da qual gostaria de ser anfitriã. E se complica.
Se pedir pra sair agora, pode ficar sem mandato, caso o PT resolva pedir a cadeira dela.
Se for expulsa, fica no mandato e pode escolher uma nova sigla.