O Tribunal de Contas do Estado avaliou a dispensa de licitação, na compra dos respiradores que, soube-se depois, só haviam sido testados em porcos, antes de serem postos à venda e não tinham autorização da Anvisa. Os conselheiros entenderam que a operação foi regular.
Fizeram apenas algumas ressalvas, mas justificaram afirmando que "o momento era extraordinário".
A decisão do tribunal acabou incentivando os socialistas a comemorarem como se tudo tivesse sido uma peça de ficção. Como se estivesse tudo resolvido. Não estava.
A Polícia Federal, que além de analisar os documentos, realizou operações na prefeitura, apreendeu materiais e ouviu testemunhas, concluiu outra coisa.
E a alegria do PSB durou só alguns dias.
Porque ficou bem claro que, longe de ser uma página virada, o caso dos "respiradores de porcos", como ficou conhecido o episódio, está cheio de "cenas dos próximos capítulos".
Nenhum assunto vai movimentar mais o mundo político nos próximos dias do que a CPI da Covid. Os senadores da tropa de choque bolsonarista estão ávidos por material que possa ajudá-los a desviar o foco da Comissão para governadores e prefeitos.
E, convenhamos, o indiciamento anunciado nesse caso do Recife deixa o material bastante sólido para ser apresentado por lá. Na próxima semana, senadores do governo pretendem apresentar requerimentos para convocar prefeitos, ex-prefeitos e governadores.
Geraldo Julio (PSB) estará na lista?