O ex-governador do Ceará sabe o que está fazendo quando parte pro ataque contra Lula (PT). Ciro Gomes (PDT) precisa se viabilizar como nome do centro, é o papel que lhe cabe nessa apresentação de 2022.
Para ter chances de ir ao segundo turno, Ciro não precisa tirar os votos do PT, nem de Bolsonaro, precisa apenas convencer os indecisos e os eleitores que rejeitam a polarização.
Na última pesquisa Datafolha, todos os candidatos do centro, somados, tem 24%. Isso já é mais do que os 23% de Bolsonaro (sem partido).
Sem contar com os 13% de "não sabe/não respondeu/branco/nulo".
O que todos esses eleitores têm em comum? Não votam em Lula.
Ciro percebeu que a chave para ir ao segundo turno está em tentar tirar a vaga de Bolsonaro e isso ele faz batendo no petista. É a única alternativa.
O pedetista vai ter que se antecipar à resposta do atual presidente, porque ela virá. Bolsonaro vai alegar que deixar o brasileiro entre dois candidatos de esquerda no segundo turno é a pior coisa que poderá acontecer para quem apoia uma agenda conservadora.
Ciro terá que se mostrar conservador, coisa que ele sempre foi, apesar de fingir que não era porque "a moda era não ser", mas sem perder os eleitores pedetistas à esquerda.
A construção de narrativas terá que ser muito bem equilibrada.
Mas a movimentação contra Lula já mostra que a contratação de João Santana, ex-marqueteiro do PT, está surtindo efeito.
Agora, uma coisa é estar na direção certa, outra é chegar ao destino. Veremos.