Que o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) navega por todos os governos, já se sabe. Ex-ministro de Dilma Rousseff (PT), teve o filho ministro de Michel Temer (MDB), apoiou o então presidente e, hoje, é líder do governo Bolsonaro (sem partido).
A questão, para quem utiliza o apoio do político pernambucano, é que o pacote vem completo, inclusive com os processos na Justiça.
Em 2019, por exemplo, a Polícia Federal fez buscas no Congresso, no gabinete do senador. Na época, FBC colocou o cargo à disposição de Bolsonaro.
Informações davam conta que ele seria substituído. Mas, na última hora, Bolsonaro resolveu mantê-lo.
Já em 2020, a Justiça Federal acatou pedido da Lava Jato para que se bloqueasse o equivalente a 10% dos salários do senador, por causa de um processo de improbidade administrativa.
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Agora, a Polícia Federal afirmou ao STF ter indícios de que o senador e o filho dele, Fernando Bezerra Filho (DEM), teriam recebido R$ 10,4 milhões em propina quando FBC era ministro, entre 2012 e 2014.
Já há quem defenda que Fernando Bezerra deixe de ser líder do governo, para não prejudicar a gestão bolsonarista. Mas, não é tão simples, como se viu em 2019, quando policiais chegaram a revirar suas gavetas e o presidente o segurou no cargo.
Existe um motivo político para FBC ser líder de Bolsonaro, marcando alguma resistência dentro do MDB que é o maior partido no Senado. Sem essa "resistência emedebista", o que já é ruim pode piorar muito para o governo numa Casa em que, hoje, acontece a CPI da Covid, cheia de holofotes.
Bem ou mal, Fernando Bezerra representa uma resistência. O senador pernambucano é um bolsonarista de ocasião.
Em resumo, se não for líder, não será bolsonarista. E o governo enfraquece ainda mais no Senado.
Ainda mais, a última coisa que Bolsonaro pode dizer é que está surpreso. FBC é investigado há muito tempo e, quando o presidente o adquiriu para seu time, sabia que pegava o pacote inteiro.
O interesse maior em evidenciar os "pés quebrados" dos Bezerra Coelho está no próprio estado de Pernambuco. Tanto o PSB quanto o grupo ligado ao ministro Gilson Machado têm olho no assunto.
Ambos os interesses derivam da possibilidade de Miguel Coelho (MDB), outro filho do senador, ser candidato ao governo do Estado.
O PSB porque pode enfrentá-lo em 2022 e o argumento da corrupção, certamente entrará no jogo eleitoral.
Já o grupo ligado ao atual ministro do Turismo quer lançar um candidato mais identificado com a direita e fala em Clarissa Tércio (PSC) ou Antônio Meira (PTB) para a disputa do Palácio, com apoio de Bolsonaro.
Se Miguel estiver fora do jogo, melhor para eles.