O ex-ministro José Múcio Monteiro, que o PSB sonha em ter como candidato ao governo de PE em 2022, cabe em qualquer argumento de palanque, seja de oposição ou situação.
Poderia ser candidato em qualquer lado, sem contradição. O que impressiona.
É diferente de políticos que trocam de lado pela direção do vento e costumam dizer que só servem ao espírito público. Às vezes é verdade e, às vezes, não.
A trajetória partidária dele é curiosa. Filiado à Arena, depois ao PDS e PFL, entrou no PSDB e depois foi ao PTB, quando este era de esquerda. Nesse roteiro, foi de um lado ideológico ao outro. Da direita para a esquerda.
Hoje tido como uma solução para o PSB, é bom lembrar que Múcio já disputou o governo do Estado antes, e foi logo contra Miguel Arraes, quando ele era um "mito", em 1986. Uma campanha quase impossível.
As mudanças de um lado ao outro foram mais suaves que oportunas e, nos momentos cruciais, ele não se furtou à missão com o tal espírito público.
Na verdade, sempre assumiu guerras bem difíceis nessas mudanças.
Atuou nas investigações que culminaram no impeachment de Collor, na aprovação da polêmica reeleição com o PSDB, sustentou o PTB na época do Mensalão e tornou-se líder do governo Lula (PT).
Lula, o indicou para o cargo de ministro do TCU, de onde se poderia imaginar que ele nunca mais iria contrariar o petista.
Aí veio o impeachment de Dilma (PT), e Múcio teve papel central no processo, reprovando as contas da então presidente.
Na época como ministro do TCU, a Múcio coube o relatório das contas de Dilma, referentes ao ano de 2015.
Em 15 de junho de 2016, o pernambucano apresentou seu parecer apontando irregularidades que ficaram conhecidas como "pedaladas fiscais".
O texto foi aprovado por unanimidade no TCU. As "pedaladas", que já tinha sido detectadas nas contas de 2014, foram o principal argumento jurídico para o processo que tirou Dilma do cargo.
Se a oposição quisesse apostar em Múcio, teria ali o relator das contas de Dilma Rousseff, que contribuíram para o impeachment. Poderia exaltar sua referência à direita e sua carreira sem escândalos de corrupção, além do seu diálogo com o meio empresarial, coisa que o PSB não sabe fazer.
Já para o PSB, é um ex-ministro de Lula, que esteve à esquerda e sempre foi um grande articulador, um nome forte para unir a Frente Popular num momento de vácuo de liderança.
Cabe em ambos os lados.