O adiamento da apresentação do relatório final, na CPI da Covid, tem como motivo uma verdade incontestável em Brasília: Renan Calheiros (MDB) sempre será Renan Calheiros.
O relator da CPI quis faturar politicamente com o texto e ganhar votos na esquerda. Para isso, montou uma estratégia em que vazaria o relatório antes de ele ser discutido com o restante dos senadores que compõem o grupo de sete parlamentares que fazem oposição a Bolsonaro (sem partido) na comissão.
No relatório vazado, o senador alagoano colocou supostos crimes que, ele sabe, não se sustentam juridicamente, como o de "genocídio indígena" e "homicídio comissivo".
Acontece que uma reunião do G7, o grupo dos senadores que inclui Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Omar Aziz (PSD-AM), estava marcada para esta segunda-feira (18). Era esperado que alguns ajustes iriam acontecer, para garantir que a estratégia tivesse sucesso e o relatório final da CPI fosse levado a sério.
Mas, ao vazar o documento, com o texto original e cheio de acusações que ainda seriam discutidas, Renan fez uma média com os grupos que acusam Bolsonaro de "genocida" e "assassino".
>>> Senadores governistas articulam reação à CPI da Covid
Renan também incluiu, no texto vazado, acusações contra os filhos do presidente. Quando os colegas alterassem o texto, o alagoano poderia dizer aos eleitores que tentou mostrar que Bolsonaro e a família eram assassinos, mas foi impedido pelo restante do grupo.
Os colegas entenderam a jogada e, com toda razão, ficaram muito irritados com a deslealdade. Agora, vão estudar quando apresentam o relatório que deveria sair nesta terça-feira (19).
O mais estranho, de toda essa história, é alguém ainda confiar em Renan. Mas, Brasília é estranha.