Existem muitas formas de se lidar com a realidade. A mais insana de todas é fingir que ela não existe. A mais imoral é tentar obrigar os outros a fingir que ela não existe.
Lula (PT) nunca deu mostras de ser enquadrado na primeira opção. A segunda, porém, é uma prática petista de muitos anos.
A primeira diz muito sobre equilíbrio mental e a segunda sobre caráter.
Para a primeira, o remédio é tratamento médico.
Para a segunda é mais simples, basta a verdade.
Pra começar, ao contrário do que o ex-presidente brasileiro correu à Europa para dizer, ele não foi inocentado.
Lula foi julgado e condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação penal envolvendo um triplex no Guarujá.
Ao contrário do que o PT procura encaixar na História, Lula não foi condenado por uma mera questão política e sem provas. Houve provas suficientes para que, não apenas o então juiz Sergio Moro, mas outros dois tribunais (TRF e STJ) confirmassem a condenação.
E, não apenas isso, no caso do Tribunal Regional Federal, a pena até foi aumentada. No caso do triplex, Lula foi condenado por ocultação de patrimônio que havia recebido como propina, da construtora OAS, em troca de favores na Petrobras.
Quem pagava propina a Lula confessou.
Quem intermediava o negócio, confessou.
Provas foram apresentadas de que o apartamento era para Lula e até uma reforma foi feita ao gosto do ex-presidente.
O caso do sítio em Atibaia, pelo qual Lula também foi condenado, seguia o mesmo padrão no esquema de propinas.
Agora, tenta-se apagar isso da História, contando com um surto de insanidade coletiva gerado pelo desequilíbrio do atual presidente. Lula não foi inocentado, não foi absolvido, não foram retiradas as acusações.
Por uma questão técnica, o processo dele voltou à etapa inicial.
Primeiro, o STF julgou que Lula não deveria ter sido julgado no Paraná, mas no Distrito Federal. Depois, o mesmo STF julgou que Sergio Moro não deveria ter sido o juiz da primeira instância, por suspeição.
Sergio Moro cometeu muitos erros, sim. O processo tem falhas técnicas. Mas Lula não foi inocentado como vem mentindo na Europa. Ele é réu em várias ações, ainda.
O PT vem dizendo que o ex-presidente foi inocentado em 19 processos. O problema com a verdade é que isso inclui até julgamentos que ainda nem aconteceram.
Pra completar, a biografia de Lula escrita por Fernando Moraes, já se sabe, conta apenas a versão petista da história. Fala das prisões como se fossem uma perseguição e nem cita os processos, como se eles nunca tivessem existido.
Reescrever a realidade é coisa de ditador.
E, cada vez mais, quem vê em Lula um democrata se aproxima da necessidade de tratamento médico.