Há quem acredite que uma eleição depende de discurso.
Há quem acredite que depende de apoios políticos.
Há quem acredite que para ser eleito é preciso ter base eleitoral sólida.
É um pouquinho de tudo isso e muito mais.
O que, muitas vezes, esquecemos é que uma eleição depende de votos e os votos têm a ver com matemática, principalmente. O exercício sempre necessário é buscar a matemática quando um movimento não fizer sentido.
Por exemplo, qual o motivo que leva políticos, alguns com mandatos de muitos anos, a seguir apoiando Bolsonaro e tentando representá-lo no Nordeste quando, aqui, o presidente tem quase 70% de rejeição?
É um lado da conta.
Aí vem a matemática.
Tirando os indecisos, ainda sobram, segundo o levantamento mais recente do Paraná Pesquisa, 14% dos eleitores que admitem votar no presidente "com certeza" no Nordeste.
Bem, o eleitorado na região em que quase ninguém gosta de Bolsonaro é superior a 40 milhões de pessoas.
Significa que apostar nesse "nicho de mercado" corresponde a discursar, receber apoio e formar base num mercado consumidor potencial de, no mínimo, 5,6 milhões de eleitores.
É suficiente pra eleger uns três senadores ou uns 30 deputados federais, dependendo do estado. Isso, apenas, no Nordeste.
Em política, se nada parece fazer sentido (e quase nunca faz), use a matemática.