Quando Bolsonaro (PL) saiu da Rússia afirmando que era solidário ao país, prestes a entrar numa guerra, acabou bastante criticado pelo público em geral, mas principalmente pelos seus próprios apoiadores nas redes sociais.
É que ele estava demonstrando aproximação com uma nação que é a maior aliada da Venezuela e de Cuba no cenário mundial. Aliás, é importante lembrar que o regime de Nicolás Maduro só existe, ainda, por causa do apoio russo (ou seria solidariedade?).
E, aí, vale uma observação. No episódio da guerra entre Rússia e Ucrânia, o presidente brasileiro só reforçou a impressão de que tem muito mais facilidade para se alinhar à esquerda do que à direita.
Bolsonaro, muitas vezes, parece uma criança que gosta de uma cor, mas não sabe dizer o nome dela.
Gosta do estado forte, mantendo tudo, estatais obedecendo ao governo, controle de preços, imprensa subserviente e judiciário benevolente. Talvez Bolsonaro seja de esquerda e nunca percebeu isso.
Entre todos os candidatos a presidente do Brasil listados até hoje, raciocinando bem, o mais parecido com Bolsonaro é Lula (PT). Se sentarem pra bater um papo e tomar uma cerveja, talvez descubram muito mais afinidades do que diferenças.
Ambos estão fazendo malabarismo ou se calando quando o assunto é a guerra na Ucrânia, por exemplo. Tirando as frases feitas de "queremos a paz", nenhum dos dois teve coragem de condenar Vladimir Putin.
Preocupação com fertilizantes? É difícil imaginar que isso os mova, embora seja importante se preocupar.
Trata-se mais de sintonia ideológica.
Autocracias disfarçadas, como se fossem democracias, são o brinquedo dos sonhos de qualquer ególatra com poder, incomodado pelas limitações de um cargo.
Bolsonaro é um pária internacional e busca amigos para desfazer essa imagem. Mas, só encontra afinidade em figuras que exercem liderança com força e censura.
É por acaso que essa afinidade surja num grupo que tem Rússia, China, Hungria e Venezuela?
Todas ditaduras?
Acontecia (e acontece) também com Lula: apesar de tentar ser contraponto ao atual presidente, como "líder global", a verdade é que o petista também quase sempre fez bobagem nos posicionamentos internacionais.
Quem não lembra da foto com Muamar Kadafi. O ditador da Líbia e Lula eram "companheiros".
Isso sem falar no apoio a Cuba, Venezuela e, mais recentemente, ao ditador Daniel Ortega, da Nicarágua.
Lula e Bolsonaro deviam conversar mais.