O governo de Pernambuco, aquele dos socialistas, e o governo Federal, aquele de Bolsonaro, fizeram um acordo.
Vão dividir os custos para tentar resolver o problema do metrô do Recife com uma concessão.
Finalmente, finalmente, finalmente. É bom repetir pra fixar.
Acordos, para quem acompanha política em Pernambuco e não lembra como isso acontece, é quando duas ou mais partes sentam para discutir soluções a um determinado problema e quando o foco é o problema e não quem está sentado sobre as cadeiras.
Porque quando milhares de usuários recifenses e pernambucanos sofrem sem conseguir utilizar um equipamento de transporte público durante anos e anos, o que menos importa é a filiação partidária ou a ideologia de quem deve resolver a questão ou se a solução é de direita ou de esquerda.
Quantos anos se perderam discutindo de quem é a fatura, enquanto o usuário pagou e paga a conta?
O acordo em torno do metrô é um bom exemplo do governo de Pernambuco e do governo Federal de que é possível deixar picuinhas políticas de lado para resolver o que realmente importa. Não é por acaso que a pesquisa coordenada pelo professor Adriano Oliveira recentemente, publicada aqui neste JC, com eleitores do Recife, mostrou entre outras coisas, que a população está cansada das discussões sobre esquerda e direita, porque brigar por isso não resolve os problemas delas.
Houve um tempo em que a política era um instrumento para resolver questões e consolidar pontes para o bem comum e não para incentivar conflitos e divisões como é feito hoje.
Com menos abismos e mais pontes, quantos problemas poderiam ser resolvidos nesse país e nesse estado?
Que o metrô não seja o único.
A BR 232 está aí precisando ser reconstruída.
A BR 104 está precisando ser finalizada.
O problema da água, que no caso da Adutora do Agreste virou outro cabo de guerra, é um símbolo dessa dificuldade de diálogo.
A adutora, aliás, é um caso de "abismo suprapartidário". O governo de Pernambuco, que toca a obra mas usa dinheiro do governo Federal, conseguiu brigar com Dilma (PT), com Temer (MDB) e com Bolsonaro (PL).
O que o pernambucano ganhou com isso? Água não foi. Torneiras seguem vazias.
Políticos não podem viver em bolhas, sobrevivendo de cada eleição, como estamos nos acostumando.
Ou, logo, política não vai servir pra nada e políticos serão descartáveis.
Quando isso acontece, senhoras e senhores, a democracia também se torna descartável.